São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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Amorim fala em solidariedade e respeito para país

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ontem uma mensagem de cumprimentos a George W. Bush por sua reeleição.
Na nota, Lula transmitiu "calorosas felicitações" a Bush, além de dizer que as relações entre Brasil e EUA têm se desenvolvido "de modo notável": "Transmito a Vossa Excelência as calorosas felicitações do governo brasileiro por sua expressiva vitória eleitoral. A vitalidade de nossas democracias é um entre tantos outros fatores de convergência e aproximação entre o Brasil e os EUA".
Ainda segundo a nota, o diálogo "vívido e fluido" entre os dois países tem produzido resultados benéficos, "não apenas no plano bilateral, mas também no positivo encaminhamento de numerosas questões internacionais de importância para nossos povos". De acordo com Lula, os dois países podem continuar contribuindo "para o avanço de nossas aspirações comuns no plano mundial, de modo a superar a pobreza".
O presidente termina o texto dizendo-se convencido de que podem ser aprofundados "os laços de amizade e as profícuas relações entre o Brasil e os EUA".
Já o chanceler brasileiro Celso Amorim disse que, se fosse resumir em duas palavras o que espera do novo mandato em relação à América Latina, diria: "Solidariedade e respeito". Ele chamou a vitória como "clara e insofismável".
Amorim ressalvou que, ao pedir solidariedade e respeito, não queria dizer que não os encontrara na primeira administração: "Qualquer coisa que diga dá a impressão de que não tivemos na administração anterior. Não quero ser interpretado nesse sentido."
Apesar de o PT ter mais identidade com o Partido Democrata em questões sensíveis como multilateralismo, direitos humanos e meio ambiente, o governo brasileiro trabalhou com a hipótese de reeleição de Bush durante toda a campanha americana e, por isso mesmo, vinha sendo bem cauteloso e evitando fazer comentários de cunho ideológico. Ao contrário, prevaleceram elogios às "boas relações" entre os dois governos.
Ontem, Amorim destacou: "As relações do Brasil com o governo Bush têm sido de trabalho, muito eficientes e muito cordiais". Depois, acrescentou: "Não apenas as minhas [relações], mas também as presidenciais".
O ministro lembrou que Bush e Lula têm tido vários encontros. O primeiro foi após a eleição, mas antes da posse de Lula. O último, em junho, durou três horas e teve participação de equipes dos dois lados. "Um longo encontro, como raras vezes houve, quase uma reunião conjunta de gabinete."
Como resultado, disse, foram criados grupos de cooperação em diversas áreas de interesse comum que ele, como ministro das Relações Exteriores, tem acompanhado em encontros com o secretário de Estado, Colin Powell, e com o de Comércio, Robert Zoelick -a quem chamou de "Bob".
Amorim destacou que os EUA "são, para muitos, um país-modelo, um grande país que tende a ser seguido por outros" e elogiou seu processo eleitoral. "É importante que tenha sido um processo democrático e uma vitória clara e insofismável. As instituições democráticas são as grandes vitoriosas", disse ele, como se falasse de eleições em países latino-americanos que tivessem passado por turbulências democráticas.
A entrevista começou por volta das 18h20, no hotel Copacabana Palace, no Rio, onde o ministro participa da reunião do Grupo do Rio, que reúne 19 países latino-americanos. Ele disse que tinha sabido do reconhecimento da derrota de John Kerry depois de ter chegar na cidade.


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