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No Congo, contradições feitas na China
PHILIPPE BERNARD
DO "MONDE", EM KINSHASA
Em meio à miséria do
grande mercado de Kinshasa, capital do Congo, a
loja do chinês Chen Iiaohua se assemelha a um oásis: é uma construção com
vitrines coloridas e paredes de cimento. Do "creme
dental alvejante" à cadeira
de plástico, pode-se encontrar na loja tudo o que
a China oferece às multidões africanas.
A loja atrai trabalhadores diaristas ocasionais
que ganham a vida revendendo produtos adquiridos de Chen. Os chineses
colocam a seu alcance vasta quantidade de artigos
que não poderiam adquirir ao preço ocidental.
"Os chineses são populares porque vivem modestamente, como nós, e
não tentam nos dar lições
de moral", resume Gustave, um pai de família. "Os
preços baixos de seus produtos têxteis praticamente destruíram a nossa indústria", contrapõe um
economista.
A liderança congolesa
sabe como extrair seu dízimo das importações, sem
que o país se beneficie em
nada desses desembolsos.
Os grandes projetos que a
China vem financiando no
Congo, país dotado de fabulosos recursos minerais, bem valem certos arranjos, porque o pequeno
comércio não constitui
mais que a banda visível do
avanço chinês.
A operadora de telefonia
chinesa Congo-China Telecom (CCT) capturou boa
participação no mercado
de telefonia móvel, com
seus celulares de tarifas
sem equivalentes. Em Katanga, o coração do setor
mineral do país, empresas
chinesas operando concessões se espalharam nos
últimos dez anos.
As propostas chinesas
de reformar a rede rodoviária e as ferrovias são levadas a sério. O desrespeito de Pequim pelos direitos humanos? "No nosso
país, eles estavam sendo
desrespeitados muito antes da chegada dos chineses", diz um dirigente congolês.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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