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Para democratas, economia explica revés
Partido governista não assume parcela de culpa pela perda de espaço para republicanos no Congresso dos EUA
Para analistas, partido e Obama têm dificuldade para se comunicar com eleitor desalentado com alto desemprego
LUCIANA COELHO
DE BOSTON
O Partido Democrata admitiu ontem a derrota nas
eleições legislativas da véspera, mas não assumiu sua
parcela de culpa e atribuiu o
desempenho apenas à economia e à intransigência republicana no Congresso.
Uma das razões apontadas
por analistas para o fiasco
governista na votação é a dificuldade do partido e do presidente Barack Obama de se
comunicar com um eleitorado desalentado pelo desemprego e pelo estrangulamento do crédito habitacional.
"Não acho que Obama tenha exposto bem suas metas
nem deixado claro por que o
rumo que tomou é o melhor
para o americano apartidário
médio", disse Charles Stewart 3º, chefe do departamento de ciência política do
MIT (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts). "Algumas das suas políticas econômicas mais importantes
passaram despercebidas."
Ele afirma que o pragmatismo de Obama o aprisionou, enquanto os republicanos tiraram proveito ao exacerbarem a irritação pública.
"Ele deveria ter sido mais enfático ao criticar os bancos
pela crise e a petroleira BP
pelo vazamento na Flórida."
No comunicado assinado
ontem pelo presidente do
partido, Tim Kaine, o momento mais próximo de um
mea-culpa é a afirmação de
que o recado das urnas diz
que "as mudanças não têm
sido rápidas o bastante".
Para Elaine Kamarck, da
Universidade Harvard, Obama perdeu o foco e interpretou mal seu mandato, ignorando os votos da maioria
moderada -37% dos eleitores se declaram apartidários- ao alçar como prioridade maior a reforma da saúde.
RAZÕES PARA A DERROTA
O partido, que saiu fortalecido das eleições de 2008, enfrentou vários percalços desta vez. A economia avariou a
popularidade de Obama, que
está em pouco mais de 40%.
Analistas colocam os dois
fatores como determinantes
para prever o avanço da oposição no Congresso. E, para
os democratas, cuja plataforma se distancia dos republicanos sobretudo na defesa
de um Estado mais ativo, o
impacto acaba sendo maior.
Além disso, a série histórica mostra que o partido do
governo perde assentos em
qualquer eleição de meio de
mandato, a menos que pesem circunstâncias especiais
(como o 11 de Setembro).
Há ainda um descontentamento geral com o "status
quo", exposto em pesquisas
que mostram a preferência
dos eleitores por políticos novatos, sem carreira no Congresso, e em um índice de
aprovação para a atual legislatura abaixo dos 30%.
Para complicar, em 2008
os democratas conquistaram
muitas cadeiras em regiões
predominantemente republicanas, que seriam difíceis
de manter, lembra em artigo
Frank Newport, do Gallup.
O partido precisará agora
redefinir prioridades -o que
fica difícil sem admitir erros.
Contra, pesará um Congresso republicano que promete entravar a maior parte
dos projetos de Obama.
A favor, há a demografia,
já que a fatia mais jovem do
eleitorado e as minorias, em
crescimento, se inclinam naturalmente ao partido.
Como o voto nos EUA não
é obrigatório, porém, é preciso antes de tudo motivá-los a
irem às urnas. Não foi o que
aconteceu agora.
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