São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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Sauditas rechaçam leniência com terror

DO "THE INDEPENDENT"

A Arábia Saudita lançou ontem uma ofensiva inusitada de relações públicas nos EUA para combater as acusações de cumplicidade com o terrorismo global.
Numa entrevista coletiva na embaixada em Washington, o assessor de política externa saudita Adel al Jubeir declarou que as "acusações infundadas" que circulam nos EUA estão fora de controle. Insistindo que seu país é vítima da Al Qaeda e outros grupos terroristas islâmicos, apresentou um relatório que descreve as medidas tomadas para rastrear os bilhões de dólares desembolsados anualmente pelas organizações beneficentes e impedir que sejam exploradas por "malfeitores".
A ação é indício da preocupação sentida pelo fechado regime saudita diante da enxurrada de críticas vinda de seu maior aliado.
As críticas de leniência no combate ao terror remetem aos ataques lançados contra instalações americanas na Arábia Saudita em meados dos anos 1990 -muito antes dos ataques de 11 de setembro, nos quais 15 dos 19 sequestradores dos aviões usados eram sauditas, como Osama bin Laden.
Desde então, a desconfiança alcançou níveis ainda maiores, em meio à hesitação saudita em autorizar o uso de suas bases e seu espaço aéreo em possíveis ataques ao Iraque, sem falar nas evidências vindas à tona nos últimos dez dias de que dinheiro de organizações assistencialistas que passou por uma conta bancária da mulher do embaixador saudita em Washington acabou nas mãos de pessoas ligadas a dois dos sequestradores de 11 de setembro.
A desconfiança é tão grande que algumas autoridades se perguntam reservadamente se a Arábia Saudita é amiga ou inimiga dos EUA. "Reconhecemos que devemos formular nossas políticas de combate ao terrorismo de maneira mais aberta", disse Al Jubeir.
Ele afirmou que as organizações assistencialistas agora estão sujeitas a auditorias e precisam de registro oficial para operar no exterior e que 33 contas pertencentes a três indivíduos e uma instituição suspeitos de envolvimento com o terror foram congeladas contendo US$ 5,6 milhões.


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