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Após infarto, estado de Pinochet é grave
Ex-ditador chileno foi submetido a uma angioplastia; boletim médico aponta tendência de melhora, mas próximas 48h serão cruciais
Doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, agravam prognóstico; "estamos nas mãos de Deus", diz filho do general
Ian Salas/Efe
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Simpatizantes de Pinochet gritam em apoio ao ex-ditador diante de hospital, em Santiago |
DA REDAÇÃO
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, 91, sofreu na madrugada de ontem um infarto
agudo do miocárdio e um edema pulmonar e foi submetido a
uma angioplastia. Seu estado
de saúde, apesar de grave, é estável, e o general apresentou
melhoras após a cirurgia, segundo a equipe médica que o
atende na unidade de terapia
intensiva do Hospital Militar
de Santiago.
Pela evolução do quadro de
Pinochet (1973-1990), foi descartada, por enquanto, a necessidade de uma operação para a
colocação de uma ponte de safena, como chegou a ser anunciado na tarde de ontem por
jornais e TVs chilenos.
"Nenhuma operação de ponte de safena foi realizada, e esperamos que uma cirurgia de
peito aberto não seja necessária", disse Juan Ignacio Vergara, da equipe médica. "Há uma
tendência de melhora. Ele está
consciente e se comunica conosco e com sua família."
Vergara acrescentou, porém,
que a situação continua séria e
que "as próximas 24 a 48h serão críticas para ver se complicações vão aparecer". O próximo boletim médico sai hoje às
12h (13h em Brasília).
Antes da cirurgia, o general
recebeu de um padre católico a
unção dos enfermos, antigamente chamada de extrema-unção. O sacramento é reservado a pessoas em perigo de morte. Estava acompanhado pela
mulher, Lucía Hiriart, pelo filho mais novo, Marco Antonio,
e outros familiares.
"Risco vital"
"Sem dúvida um infarto agudo no miocárdio é uma condição de risco vital", disse Vergara no primeiro informe médico,
divulgado pela manhã.
"Vocês conhecem todas as
doenças que têm o general Pinochet. Seu diabetes, seu problema de irrigação cerebral, a
idade do paciente, etc., sem dúvida isso faz com que seja mais
grave", acrescentou.
Em 2001, exames médicos
concluíram que Pinochet sofre
de uma "demência leve" -argumento usado por seus advogados de defesa para que ele
não seja julgado pelos crimes
cometidos em seu regime.
Marco Antonio afirmou que
seu pai foi "praticamente resgatado da morte" pela angioplastia. "Estamos agora nas
mãos de Deus e dos médicos.
Meu pai está em uma situação
muito ruim", afirmou.
Questionado sobre que tratamento o governo daria à morte
de do ex-ditador, o porta-voz
Ricardo Lagos Weber disse que
"é de mau gosto falar de funerais quando as pessoas ainda
estão com vida".
A presidente chilena, Michelle Bachelet, chegou a ser presa
e torturada, ao lado de sua mãe,
durante o regime pinochetista.
Pinochet foi internado por
volta das 2h locais depois de
passar mal em sua casa, no
bairro de La Defesa, onde cumpre prisão domiciliar por um
caso de violação de direitos humanos atribuído a seu regime.
Ele era comandante-em-chefe do Exército quando assumiu o poder no Chile em 11 de
setembro de 1973, em um violente golpe de Estado que derrubou o então presidente Salvador Allende. Cerca de 3.000
pessoas foram assassinadas ou
desapareceram nos 17 anos em
que esteve no poder.
No dia 25 de novembro,
quando completou 91 anos, Pinochet divulgou uma nota em
que assumiu a "responsabilidade política" pelos atos cometidos durante seu regime.
Com agências internacionais
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