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Na discussão sobre impostos, democratas preferem silêncio
EDMUND L. ANDREWS
DO "NEW YORK TIMES", EM
WASHINGTON
O presidente Bush está praticamente desafiando os líderes
democratas, no momento em
que assumem o controle do
Congresso, a criticar os cortes
nos impostos que ele próprio
promoveu. Mas os democratas
não estão aceitando o desafio.
Na quarta-feira, Bush anunciou que no próximo mês vai
apresentar um orçamento que
possibilitará ao país chegar ao
déficit zero em 2012 e, ao mesmo tempo, tornar permanentes os cortes de mais de US$ 1
trilhão em impostos aprovados
nos seis anos do seu mandato.
A mensagem implícita é que
os cortes nos impostos são bem
vistos pelos eleitores, que os republicanos já comprovaram
seus resultados econômicos
benéficos, e que os democratas
estariam cortejando o desastre
se sequer mencionassem a possibilidade de revogá-los.
Mas, ao mesmo tempo em
que continuam a acusar Bush
de seguir uma política fiscal insensata, os líderes democratas
vêm se negando a discutir a revogação dos cortes, ou até mesmo a debater a melhor maneira
de estimular o crescimento
econômico.
Os líderes democratas dizem
que não vêem necessidade de
rever nos próximos anos os
cortes nos impostos promulgados por Bush, cuja vigência é
prevista para até 2010. E eles
alegam que o governo poderia
aumentar sua receita em até
US$ 100 bilhões por ano simplesmente fechando o "abismo
tributário" formado pelos impostos devidos e não pagos.
A timidez dos democratas
não é exatamente sinal de candura. Embora seja verdade que
os cortes nos impostos decretados por Bush devem vigorar
por mais quatro anos, também
é fato que o Congresso enfrenta
dores-de-cabeça sérias em relação ao orçamento, cuja solução não poderá ser adiada.
Custo da guerra
Um desses desafios é a guerra
no Iraque. Tudo indica que o
conflito vai custar muito mais
de US$ 100 bilhões por ano,
mesmo que os EUA comecem a
reduzir as tropas no país árabe.
Até agora, Bush vem mantendo os gastos com a guerra
fora do orçamento que submete ao Congresso. Ele busca o dinheiro conforme ele se torna
necessário. Os democratas dizem que não vão mais atender a
esses pedidos de verbas porque
eles passam ao largo do processo normal pelo qual o Congresso discute os gastos.
Os políticos de ambos os partidos podem estar vivendo um
descanso temporário das pressões fiscais porque é fato que o
déficit orçamentário diminuiu
nos últimos dois anos. Graças
aos aumentos na receita tributária, o déficit caiu do máximo
de US$ 412 bilhões, em 2004,
para US$ 248 bilhões no ano
passado. Isso representa 1,9%
do PIB, algo modesto pelos padrões históricos.
Mas muitos analistas do orçamento continuam a ver com
ceticismo a promessa feita por
Bush de eliminar o déficit, já
que o governo renovaria todos
os cortes nos impostos decretados por Bush precisamente no
momento em que 76 milhões
de "baby boomers" -a geração
nascida no pós-Segunda Guerra- estarão se aposentando,
pedindo os benefícios da Previdência Social e do Medicare.
Tradução de CLARA ALLAIN
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