NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Diz-se que a escolha de John Negroponte para segundo de Condoleezza Rice tem a ver com os desafios diplomáticos que o governo Bush ainda terá pela frente. Ele é considerado um eficiente diplomata. A julgar pelo seu currículo, a América Latina terá presença nesses desafios, já que Negroponte é velho conhecido nosso. Foi embaixador em Honduras nos anos 80, com forte incidência na guerra contra o regime sandinista da Nicarágua.
A oposição democrata quis desencavar seu passado latino-americano quando ele foi nomeado "czar" da Inteligência. Com maioria no Congresso, poderá fazê-lo agora.
Com Negroponte, a ajuda militar americana à pequena Honduras aumentou de quatro para 78 milhões de dólares por ano. O país alojou os contras nicaragüenses, teve papel central na guerra, e Negroponte era espécie de pró-consul de Ronald Reagan. Substituiu Jack R. Binns, da confiança do ex-presidente Jimmy Carter.
Antes de deixar o posto, Binns, segundo o "Washington Post", avisou o Departamento de Estado que as coisas se tornavam brutais. Entrara na agenda dos quartéis hondurenhos o chamado "método argentino" -referência ao grau de barbarismo a que chegou a ditadura na Argentina.
A oposição democrata tentou saber se Negroponte tinha conhecimento disso. Foi constrangida a lidar com evasivas. No "meu tempo" não havia violações etc. O exame de documentos liberados por decisão judicial vão em outra direção. Negroponte teria se ocupado da construção de uma "boa imagem" de Honduras, preocupado sobretudo com a opinião pública americana.
Quanto à presença da América Latina nos desafios imaginados pelo governo Bush, seria a "onda rosa", não exatamente vermelha? Ou Cuba? Recentemente, Negroponte previu que Fidel Castro tem poucos meses de vida.