São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2007

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Chávez demite vice e ministro do Interior

Mudanças, anunciadas na TV, são as primeiras do novo mandato do venezuelano, que começa dia 10

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, substituiu seu vice, José Vicente Rangel, e seu ministro do Interior e da Justiça, Jesse Chacón, nas primeiras mudanças de gabinete anunciadas às vésperas do início de seu novo mandato, em 10 de janeiro.
As substituições dos dois homens fortes do governo foram anunciadas em uma entrevista por telefone na noite de anteontem ao canal estatal VTV. Assumem Jorge Rodríguez, ex-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), como vice, e o deputado Pedro Carreño, capitão da reserva, na pasta do Interior.
Já o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, que é também presidente da estatal petroleira PDVSA, foi ratificado no cargo. Por sua vez, o deputado Rodrigo Cabezas disse que irá substituir Nelson Merentes na chefia do Ministério das Finanças.

"Revisão geral"
Chávez não justificou em detalhes as demissões. Disse apenas que as mudanças são para "entrar em cheio nas novas lutas contra a corrupção e a burocracia e a favor do desenvolvimento econômico em direção ao socialismo" e representam "um ajuste e um refrescamento da equipe do governo". "Estou decidido a fazer uma revisão geral", afirmou Chávez.
O presidente disse não ter sido fácil demitir Rangel, que antes de assumir a Vice-Presidência após a tentativa de golpe contra Chávez em abril de 2002, foi seu chanceler e ministro da Defesa e era tido como um de seus principais operadores políticos.
"[Rangel] É um lançador [no beisebol] estrela por quem sinto o afeto e o respeito de um filho a um pai, por tudo o que aconteceu nesses oito anos", disse.
Analistas afirmam que Rangel, 77, fará parte da equipe do governo encarregada de propor as reformas na Constituição -uma delas é a proposta chavista de instituir a reeleição "indefinida", sem limite do número de mandatos.
Ao anunciar a substituição de Chacón, Chávez citou a alta criminalidade no país e uma rebelião numa prisão do Estado de Lara em que 16 presos acabaram mortos, no início desta semana. "É o resultado de falhas na segurança interna e na infra-estrutura", afirmou.
Há algumas semanas, os dois demitidos foram repreendidos em público pelo presidente, por falhas no protocolo da comemoração do aniversário da morte de Simón Bolívar.
"Que vergonha a falta de coordenação em um ato tão sublime como este!", disse na ocasião. "Quero recordar os responsáveis, fazer a eles um chamado público de atenção ao senhor vice-presidente e ao senhor ministro do Interior, que não podem se justificar falhas de nenhum tipo aqui. Como pode se justificar que, oito anos depois, estejamos vendo aqui um protocolo errático, vacilante e balbuciante?"
Rodríguez, 41, é psiquiatra e filho de um líder da esquerda assassinado nos anos 70. Foi presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) quando foi realizado o referendo que confirmou a permanência de Chávez no poder em 2004 e sofreu duras críticas da oposição por sua suposta "parcialidade" -o que ele sempre negou.
O deputado Carreño participou, ao lado de Chávez, da tentativa de golpe militar contra o ex-presidente Carlos Andrés Pérez, em fevereiro de 1992. Foi preso, também ao lado de Chávez, e acabou passando à reserva em 2004.


Com agências internacionais

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