São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Filho de refém e guerrilheiro é branco e tem problema no braço

DA REDAÇÃO

O nome dele é Emmanuel. Sabe-se que ele tem três anos e meio e que nasceu na selva. Sua mãe é Clara Rojas, ex-candidata a vice-presidente da Colômbia, e seu pai é um dos guerrilheiros das Farc que mantêm Rojas refém há cinco anos.
A existência de Emmanuel veio a público em 2006, mas foram as revelações em abril passado, incluindo seu nome, obtidas de um policial que escapou da guerrilha, que sacudiram um país endurecido por uma guerra aparentemente interminável. "Clara sofreu tanto", disse John Frank Pinchao, que fugiu após oito anos no cativeiro. "Ela pedia para ver o filho."
Pinchao virou o mundo da família de Rojas de ponta-cabeça. Perguntas sobre os laços entre Clara Rojas e o pai de Emmanuel, cuja identidade não é pública, estão sem respostas.
"Não sabemos se houve estupro, mas uma certeza é que uma mulher em cativeiro é vulnerável", disse Olga Lucía Gómez, diretora de uma ONG de apoio a vítimas de seqüestro.
Sabe-se que as Farc proíbem intimidade física entre combatentes e seqüestrados. Pinchao disse que há rumores de que o pai da criança foi removido de seu posto ou morto.
A existência do menino foi um forte antecedente da operação para liberar três reféns da guerrilha. Nos dias que a antecederam, a avó de Emmanuel, Clara González de Rojas, mostrava presentes que daria ao neto. A missão, que levava o nome do garoto, fracassou na virada do ano.
No dia 31, o presidente colombiano Álvaro Uribe lançou a hipótese de que as Farc não entregaram os reféns porque Emmanuel estaria em uma instituição pública em Bogotá.
O menino que as provas de DNA apontam ser o filho de Clara Rojas chegou a um hospital com malária, desnutrido e com outro nome: Juan David Tapiero. Foi levado por um homem que depois confessou, segundo o jornal "El Tiempo", que o Juan era "das Farc".
Antes do exame, outro aspecto já aproximava Juan David a Emmanuel: um problema em um dos braços. O policial Pinchao contou que, no parto, ele teve um braço machucado.
Nesta semana, lembrou as cenas. "Nos primeiros dias, o menino esteve com mãe, mas foi retirado do acampamento por causa das condições. Não havia onde esquentar a mamadeira e o choro dele incomodava os [demais reféns] que viviam com ela [Rojas], que eram os políticos e os americanos". A última vez que Pinchao viu Emmanuel -que descreveu como de pele branca- foi no fim de 2004. Seis meses depois, o menino Juan David entrava nos registros do Estado colombiano.


Com "New York Times" e agências internacionais


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