São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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Austríaco fala em "vergonha" do governo

do enviado a Viena

Nas ruas de Viena, o sentimento dos opositores à entrada do Partido da Liberdade no governo austríaco era de "vergonha".
Cerca de 5.000 manifestantes contrários à formação da coalizão com o líder da extrema direita Joerg Haider enfrentaram ontem com violência a polícia. Pelo menos 25 policiais e um transeunte ficaram feridos.
O principal protesto aconteceu em frente à sede do palácio presidencial, onde foram empossados os ministros do novo governo.
Os vienenses cantavam slogans contra Haider, atiravam tomates, pedras, latas de tinta e rojões na direção dos policiais. Viaturas também foram danificadas.
"Levará anos, talvez décadas para que a reputação internacional da Áustria como um país respeitador dos direitos humanos seja restabelecida. Estamos dando um vexame", disse a professora Irene Brousel, 51.
A rejeição ao novo governo é grande mesmo entre os eleitores do Partido Popular (centro-direita), cujo líder, Wolfgang Schuessel, está formando uma coalizão com os extremistas e será o novo chanceler (premiê).
"Não existe motivo para um governo de extrema direita ser formado. Não estamos em guerra, não estamos em crise econômica ou política. O único motivo é a ambição pelo poder, que está nos enchendo de vergonha", disse a estudante universitária Laura Fellner, 20, que votou no Partido Popular nas eleições de outubro do ano passado.
Para o professor de política Max Streit, da Universidade de Graz, o sentimento dos opositores de Joerg Haider tem raízes no fato de a participação da Áustria no regime nazista ainda não ser "bem resolvida".
"Os que se opõem a Haider fazem parte da parcela da população que acha que a Áustria teve sua cota de culpa na ascensão nazista. Para eles, é uma vergonha que um neonazista volte a governar o país", afirma.
Streit diz que os apoiadores do Partido da Liberdade compõem uma outra parcela da população, que acha que o nazismo foi imposto à Áustria pelo ditador da Alemanha Adolf Hitler, o que livraria o país de responsabilidade. (FZ)


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