São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTIGOS
Devemos expandir a paz americana

GEORGE W. BUSH

A defesa dos Estados Unidos deve ser o primeiro centro de atenção de um presidente, porque é seu dever primeiro ante a Constituição. Até mesmo nestes tempos de orgulho e esperança, os Estados Unidos da América têm inimigos resolutos, que odeiam nossos valores e têm ressentimentos ante nosso êxito: terroristas, sindicatos do crime, cartéis de droga e ditadores desequilibrados.
Devemos proteger nossa pátria e nossos aliados contra os mísseis, o terror e a chantagem. Devemos restaurar a moral de nossos militares, desgastada pelos recursos cada vez mais escassos e pela multiplicação de missões, com melhor treinamento, melhor tratamento e melhores salários.
E devemos dominar a nova tecnologia da guerra para estender nossa influência pacífica, não apenas através do mundo, mas também através dos anos.


"A defesa dos EUA deve ser o primeiro centro de atenção de um presidente"



Mas a potência militar não é a última medida do poder. Nosso realismo deve deixar um lugar para o espírito humano. Esse espírito provocou, em nossa época, temor nos ditadores e fez cair impérios. A força mais poderosa do mundo não é uma arma nem uma nação, mas uma verdade: a de que somos seres espirituais e que a liberdade é "o direito da alma de respirar".
Os Estados Unidos da América apreciam essa liberdade, mas não somos os donos dela. Valorizamos as elegantes estruturas de nossa própria democracia, mas nos damos conta de que, em outras sociedades, a arquitetura irá variar. Propomos nossos princípios, mas não devemos impor nossa cultura.
No entanto, os princípios básicos da liberdade e da dignidade humanas são universais. As pessoas devem poder dizer o que pensam, adorar a quem quiser e escolher quem as governa.
Um presidente norte-americano deverá promover um Hemisfério Ocidental completamente democrático, unido pelo livre comércio. Deverá defender os interesses dos Estados Unidos da América no Golfo Pérsico e fazer avançar a paz no Oriente Médio sobre a base de um Estado de Israel seguro. Deve controlar a contagiosa proliferação de armas de destruição em massa e dos meios para distribuí-las.
Duas das maiores potências da Eurásia, a China e a Rússia, estão em uma etapa de transição. É difícil saber as suas intenções quando elas mesmas não conhecem seus próprios futuros. Se se converterem em amigos dos Estados Unidos, essa amizade servirá para estabilizar o mundo. Mas, se não for assim, a paz que buscamos poderia não ser alcançada.
Devemos olhar a China claramente, e não através de filtros de posturas predeterminadas e de partidarismo. A China está crescendo e isso é inevitável. Aqui, nossos interesses são evidentes. Nós damos as boas-vindas a uma China livre e próspera. Nós não prevemos conflitos com ela e nem temos a intenção de ameaçá-la.
No entanto, a conduta do governo da China pode parecer alarmante no estrangeiro e detestável em sua própria casa. Pequim tem investindo sua crescente riqueza em armas nucleares estratégicas, em novos mísseis balísticos, em uma marinha militar de águas profundas e em uma força aérea de longo alcance. Há também uma ameaça de espionagem contra nosso país.
Entretanto o Departamento de Estado informou que na China "toda a dissidência política contra o partido e o governo tem sido eficazmente silenciada". E o governo da China é um inimigo da liberdade religiosa e um patrocinador das políticas de aborto forçado.
Se eu chegar à Presidência, a China saberá que os valores americanos são sempre parte da pauta dos Estados Unidos. Nossa defesa da liberdade humana não é uma formalidade da diplomacia. É um compromisso fundamental de nosso país.
A Rússia se situa como nossa lembrança de que um mundo crescentemente em paz é também um mundo em transição. Aqui também é necessário ter paciência, coerência e uma confiança baseada nos princípios e nas forças democráticas.
Juntos, a Rússia e os Estados Unidos enfrentam uma ameaça emergente vinda de nações perigosas, de furtos nucleares e de lançamentos acidentais. Com a ameaça para ambas por parte de nações perigosas, existe uma possibilidade real de que os russos se unam a nós e a nossos aliados para cooperar em sistemas de defesa contra mísseis.
Para deter a proliferação, o Tratado de Proibição de Testes Nucleares não é a resposta. Eu disse que nossa nação deve continuar sua moratória em matéria de testes nucleares. Mas ainda mais importante é a redução do fornecimento de materiais nucleares e dos meios para distribuí-los, fazendo disso uma prioridade para acordos com a Rússia e a China.
Nossa nação deve cortar a demanda por armas nucleares, ocupando-se das inquietações em matéria de segurança daqueles que renunciam a essas armas. E devemos diminuir a atração que essas armas exercem nos Estados perigosos, tornando-as inoperantes com uma defesa antimísseis.
O tratado não faz nada para o progresso nesse sentido. Não detém a proliferação, especialmente por parte de regimes perigosos. Não é verificável nem exeqüível. E nos impediria de afiançar a segurança e a confiabilidade dos dispositivos de nossa nação, caso surja a necessidade.
Os Estados Unidos da América devem se envolver com o mundo. Mas isso não significa que nosso poderio militar seja uma resposta a todas as situações políticas externas difíceis ou um substituto para a estratégia.
A política externa norte-americana deve ser mais do que o simples manejo das crises. Deve ter uma grande meta que a oriente: fazer com que esta época de influência norte-americana se transforme em gerações de paz democrática.


George Bush, governador do Texas, é um dos candidatos à indicação pelo Partido Republicano às eleições presidenciais dos EUA.


Texto Anterior: Eleições nos EUA: "Super Terça" reforçou poder do Sul
Próximo Texto: Artigos - John McCain: O segundo século americano
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.