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Equador pede à OEA condenação da Colômbia
Pedido teve o apoio da Venezuela, mas maioria dos representantes discursa a favor de comissão como solução conciliatória
Embaixador colombiano defende legitimidade do ataque em nome da "guerra ao terror"; Quito refuta; Brasil propõe comissão
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Equador e Venezuela pediram ontem em reunião do Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, que o
órgão interamericano condene
a Colômbia pela invasão ao território equatoriano.
O encontro, convocado em
caráter extraordinário, começou pouco depois das 15h30
(17h30 em Brasília) e não havia
sido concluído até o fechamento desta edição.
Camilo Ospina, embaixador
colombiano na OEA, defendeu
a legitimidade do ataque por
este servir à luta contra o terrorismo das Farc, que, segundo
afirmou em seu discurso, são
favorecidas por Equador e Venezuela. Equador e Colômbia
concordaram em um ponto: o
pedido de convocação urgente
de chanceleres para discutir a
crise. Maria Isabel Salvador,
ministra das Relações Exteriores do Equador, pediu que o encontro aconteça, no máximo,
até o dia 11 de março.
"O território e a soberania
[do Equador] foram objeto de
uma violação premeditada",
disse ela no discurso que abriu
a sessão. Salvador refutou a tese colombiana: "Não houve
uma agressão que justifique a
incursão colombiana".
Osmar Chohfi, representante brasileiro e um dos primeiros a falar, propôs "trabalhar
em conjunto" para encontrar
uma solução pacífica. O Brasil
liderava, ao lado do Chile, o
grupo que propôs a criação de
uma comissão para investigar
no terreno o que de fato aconteceu. A maioria apoiou a idéia,
incluindo o Equador.
Ospina afirmou que recebeu
bem a posição do Brasil, por ser
"conciliatória", apesar de o país
ter criticado a invasão do Equador. Jorge Briceño, representante da Venezuela, declarou
que "a morte de seres humanos
não pode ser celebrada, tem de
ser deplorada", sobre a interpretação positiva de Bogotá
quanto à morte de Raúl Reyes.
"Não podemos permitir que,
em nome da luta contra o terrorismo, se pratique o terrorismo
de Estado e o genocídio (...) O
governo de Bogotá mente de
forma descarada [sobre a incursão]", disse Briceño.
Rodolfo Gil, embaixador argentino na OEA, foi incisivo
quanto à operação colombiana.
"O que ocorreu é inadmissível e
requer uma imediata explicação, por parte da Colômbia, que
seja completamente satisfatória ao Equador", declarou ele.
Após os pronunciamentos,
os presentes se reuniram em
uma sala fechada. Saíram 90
minutos depois para que uma
comissão menor redigisse a resolução da reunião, que deveria
depois ser aprovada por todos.
Esse encontro teve participação dos embaixadores na OEA
de Colômbia, Equador, Panamá (Aristides Royo, que presidiu a sessão fechada) e o secretário-geral do órgão, o chile Miguel Insulza. O ponto mais polêmico levado à pauta dessa discussão restrita foi o texto, apresentado pelo Equador, de uma
menção de repúdio à invasão.
A Colômbia aceitava que o
texto reconhesse seu erro, mas
refutava a palavra "condenação". Bogotá também refutava
o termo "investigação" no nome da comissão que vai averiguar o que aconteceu.
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