São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Equador pede à OEA condenação da Colômbia

Pedido teve o apoio da Venezuela, mas maioria dos representantes discursa a favor de comissão como solução conciliatória

Embaixador colombiano defende legitimidade do ataque em nome da "guerra ao terror"; Quito refuta; Brasil propõe comissão

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Equador e Venezuela pediram ontem em reunião do Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, que o órgão interamericano condene a Colômbia pela invasão ao território equatoriano.
O encontro, convocado em caráter extraordinário, começou pouco depois das 15h30 (17h30 em Brasília) e não havia sido concluído até o fechamento desta edição.
Camilo Ospina, embaixador colombiano na OEA, defendeu a legitimidade do ataque por este servir à luta contra o terrorismo das Farc, que, segundo afirmou em seu discurso, são favorecidas por Equador e Venezuela. Equador e Colômbia concordaram em um ponto: o pedido de convocação urgente de chanceleres para discutir a crise. Maria Isabel Salvador, ministra das Relações Exteriores do Equador, pediu que o encontro aconteça, no máximo, até o dia 11 de março.
"O território e a soberania [do Equador] foram objeto de uma violação premeditada", disse ela no discurso que abriu a sessão. Salvador refutou a tese colombiana: "Não houve uma agressão que justifique a incursão colombiana".
Osmar Chohfi, representante brasileiro e um dos primeiros a falar, propôs "trabalhar em conjunto" para encontrar uma solução pacífica. O Brasil liderava, ao lado do Chile, o grupo que propôs a criação de uma comissão para investigar no terreno o que de fato aconteceu. A maioria apoiou a idéia, incluindo o Equador.
Ospina afirmou que recebeu bem a posição do Brasil, por ser "conciliatória", apesar de o país ter criticado a invasão do Equador. Jorge Briceño, representante da Venezuela, declarou que "a morte de seres humanos não pode ser celebrada, tem de ser deplorada", sobre a interpretação positiva de Bogotá quanto à morte de Raúl Reyes.
"Não podemos permitir que, em nome da luta contra o terrorismo, se pratique o terrorismo de Estado e o genocídio (...) O governo de Bogotá mente de forma descarada [sobre a incursão]", disse Briceño.
Rodolfo Gil, embaixador argentino na OEA, foi incisivo quanto à operação colombiana. "O que ocorreu é inadmissível e requer uma imediata explicação, por parte da Colômbia, que seja completamente satisfatória ao Equador", declarou ele.
Após os pronunciamentos, os presentes se reuniram em uma sala fechada. Saíram 90 minutos depois para que uma comissão menor redigisse a resolução da reunião, que deveria depois ser aprovada por todos.
Esse encontro teve participação dos embaixadores na OEA de Colômbia, Equador, Panamá (Aristides Royo, que presidiu a sessão fechada) e o secretário-geral do órgão, o chile Miguel Insulza. O ponto mais polêmico levado à pauta dessa discussão restrita foi o texto, apresentado pelo Equador, de uma menção de repúdio à invasão.
A Colômbia aceitava que o texto reconhesse seu erro, mas refutava a palavra "condenação". Bogotá também refutava o termo "investigação" no nome da comissão que vai averiguar o que aconteceu.


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