São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Venezuela congela estatização de banco

Nacionalização do Banco Venezuela, pertencente ao grupo espanhol Santander, fora anunciada em julho de 2008

Banco é o terceiro maior do país, com 10% dos depósitos; ante crise, Caracas tem problemas para manter avanço estatal na economia

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Com dificuldades de caixa, o presidente Hugo Chávez adiou por pelo menos um ano a nacionalização do Banco Venezuela, um dos maiores do país e pertencente ao grupo espanhol Santander, informaram ontem fontes do governo e da instituição financeira à Reuters.
Desde o final de 2008, havia rumores de que a nacionalização havia sido congelada, depois que o governo Chávez parou de se reunir com os representantes do banco. Mas ontem foi a primeira vez que fontes oficiais confirmaram, extraoficialmente, a informação.
O anúncio da nacionalização fora feito em 31 de julho por Chávez. O Banco de Venezuela é o terceiro maior do país, com cerca de 10% dos depósitos, 285 agências e 3 milhões de clientes, segundo informações do Santander divulgadas em meados do ano passado. O valor de compra foi estimado em aproximadamente US$ 1,9 bilhão.
Até agora, o governo venezuelano não pagou a maior parte das nacionalizações feitas desde o início de 2007, quando Chávez deu início a um ambicioso plano de ampliar a presença do Estado na economia. A falta de acordo inclui parte das petroleiras da faixa do Orinoco, a Sidor (maior siderúrgica do país, com capital minoritário da Usiminas) e as três cimenteiras, todas já sob o controle do governo venezuelano.
Algumas empresas multinacionais recorreram à arbitragem internacional, como a cimenteira mexicana Cemex e a petroleira americana Exxon.
Segundo estimativa do economista da Universidade Central da Venezuela (UCV) José Guerra, a conta das nacionalizações ainda não pagas é de cerca de US$ 15 bilhões. "O adiamento da nacionalização do Banco Venezuela era previsível. O governo não tem caixa para financiar mais nada", disse à Folha, por telefone.
Também com dificuldades de caixa, a gigante petroleira PDVSA, principal fonte de recursos do governo venezuelano, anunciou na semana que só pagaria parte da dívida com seus fornecedores, priorizando pagamentos de até US$ 1,5 milhão por empresa. Segundo a estatal, as dívidas eram de US$ 7,8 bilhões no final de 2008.
Para compensar a falta de recursos, o governo venezuelano transferiu na virada do ano US$ 12 bilhões dos US$ 43 bilhões de reservas internacionais do Banco Central para um fundo administrado pelo governo. No final de fevereiro, as reservas do BC fora do país estavam US$ 28,8 bilhões.


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