São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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Contingente do país fica até o fim de 2005

DA REDAÇÃO

Diante de um surto de violência e sob uma tempestade de críticas a seu plano de ocupação do Iraque, os EUA anunciaram ontem que manterão 138 mil militares no país até o fim de 2005, cancelando assim o plano de reduzir o contingente tão logo um governo interino iraquiano assumisse, em 30 de junho próximo. Mais ainda: Washington estuda criar uma agência designada exclusivamente a traçar estratégias pós-guerra, após sofrer severas críticas justamente pela falta de planejamento.
"Reunir capacidade e experiência [baseados em experiências passadas] em uma agência que funcione como uma força-tarefa permanente é provavelmente a coisa mais sábia a ser feita. Isso pode melhorar esse tipo de operação [pós-conflito] no futuro", disse o subsecretário da Defesa para políticas, Douglas Feith.
Feith citou como exemplo as operações nos Balcãs, no Afeganistão, no Iraque e no Haiti. "Toda vez que fazemos isso, temos de organizar um novo esforço."
Mas o subsecretário não deixou clara a importância dada à proposta, citada como um exemplo da avaliação feita pelo Pentágono a partir da Guerra do Iraque.
O governo americano tem sido duramente criticado, interna e externamente, por não ter se preparado bem para a reconstrução iraquiana. Enquanto a ofensiva militar, entre março e abril de 2003, foi incontestavelmente bem-sucedida, o período pós-guerra tem exposto despreparo para lidar com uma realidade muito mais complexa do que aquela descrita nos planos de Washington.
Indagado sobre o planejamento para o pós-guerra, Feith respondeu: "Parte dele foi muito bem feita, e parte foi bem menos bem feita. Acho melhor deixarmos que os historiadores determinem isso, em vez de pedirmos a quem está no meio de tudo que se afaste para observar a situação".
O subsecretário, que defendeu a decisão do presidente George W. Bush de ir à guerra, ainda admitiu que os EUA cometeram um "engano" ao nomear um integrante da extinta força de elite do ex-ditador Saddam Hussein como chefe de uma força especial iraquiana responsável pela conturbada situação em Fallujah.
A decisão, tomada no final da semana passada e revogada anteontem, provocou alvoroço entre os membros do Conselho de Governo Iraquiano e deu a medida da falta de opções diante da qual os EUA se encontram: sem conseguir resolver o impasse na cidade sunita, o comando dos EUA voltou-se para as forças locais, no intuito de criar uma patrulha mais bem aceita.
Outro sintoma da falta de alternativa é a revisão do plano de reduzir o contingente após o mês mais sangrento do pós-guerra -mais de 700 iraquianos e 128 soldados dos EUA morreram em abril.O Pentágono já notificou 10 mil soldados e marines de prontidão e mais 37 mil reservistas e membros da Guarda Nacional. Militares que já estão no Iraque terão sua estada prorrogada.


Com agências internacionais

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