São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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opinião

Organização é herança da Guerra Fria

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, qualificou a resolução da OEA que suspendia Cuba dos quadros da organização como "relíquia da Guerra Fria". É verdade. Mas faltou dizer que a OEA é ela própria um resto insepulto do conflito que opôs os EUA à URSS.
Embora a propaganda oficial da OEA tente fazer suas origens remontarem a Simón Bolívar (1783-1830), a organização foi de fato criada em 1948, quando, sob a liderança do então secretário de Estado dos EUA, general George Marshall, seus 21 membros iniciais assinaram a Carta de fundação.
Entre os propósitos da aliança militar e política estava o combate ao comunismo nas Américas. Em 1965, por exemplo, a OEA coonestou a invasão da República Dominicana por tropas dos EUA, que temiam uma "nova Cuba" .
Desde os anos 90, com o fim da Guerra Fria e a relativa normalização democrática no continente, a OEA tenta reinventar-se. Monitora eleições, participa de missões de paz, medeia litígios fronteiriços. Seria injusto dizer que não tem mais relevância, mas é fato que não ocupa o mesmo espaço de outrora.
Daí não se segue que a decisão de revogar o veto a Cuba seja menos importante. A OEA continua sendo um dos palcos onde se joga o jogo da diplomacia. Não interessa se Cuba vai ou não voltar à organização; o importante é que agora está claro, não só em palavras como em gestos, que os EUA mudaram sua atitude em relação à ilha. A resposta cubana definirá os próximos lances.


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