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opinião
Organização é herança da Guerra Fria
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim,
qualificou a resolução da
OEA que suspendia Cuba
dos quadros da organização como "relíquia da
Guerra Fria". É verdade.
Mas faltou dizer que a
OEA é ela própria um resto insepulto do conflito
que opôs os EUA à URSS.
Embora a propaganda
oficial da OEA tente fazer
suas origens remontarem
a Simón Bolívar (1783-1830), a organização foi de
fato criada em 1948, quando, sob a liderança do então secretário de Estado
dos EUA, general George
Marshall, seus 21 membros iniciais assinaram a
Carta de fundação.
Entre os propósitos da
aliança militar e política
estava o combate ao comunismo nas Américas.
Em 1965, por exemplo, a
OEA coonestou a invasão
da República Dominicana
por tropas dos EUA, que
temiam uma "nova Cuba" .
Desde os anos 90, com o
fim da Guerra Fria e a relativa normalização democrática no continente, a
OEA tenta reinventar-se.
Monitora eleições, participa de missões de paz, medeia litígios fronteiriços.
Seria injusto dizer que não
tem mais relevância, mas é
fato que não ocupa o mesmo espaço de outrora.
Daí não se segue que a
decisão de revogar o veto a
Cuba seja menos importante. A OEA continua
sendo um dos palcos onde
se joga o jogo da diplomacia. Não interessa se Cuba
vai ou não voltar à organização; o importante é que
agora está claro, não só em
palavras como em gestos,
que os EUA mudaram sua
atitude em relação à ilha. A
resposta cubana definirá
os próximos lances.
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