São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Governo turco sobe o tom contra Israel

Premiê Erdogan acusa o Estado judaico de violar o mandamento bíblico "não matarás" em ataque contra frota

Embaixador nos EUA afirma que as relações com Israel podem ser rompidas se país não se desculpar por ataque


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em hebraico, o premiê da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, acusou ontem Israel de ter desobedecido um mandamento bíblico ao matar nove ativistas de origem turca no ataque a uma frota humanitária de segunda-feira.
"Estou falando com eles na sua língua. O sexto mandamento diz: "não matarás". Não entendeu? Digo de novo. Digo em inglês: "thou shall not kill". Ainda não? Então eu falo em sua própria língua. Falo em hebraico: "lo tirtzakh'", afirmou, em discurso a correligionários.
O ataque militar israelense aos ativistas distendeu ao extremo as relações bilaterais.
Ontem, o embaixador da Turquia em Washington, Namik Tan, disse que os laços poderão ser cortados se Israel não atender a três exigências: pedir desculpas em público, aceitar uma investigação independente e encerrar o seu bloqueio a Gaza.
"Não queremos chegar a esse ponto, mas o governo pode ser forçado", explicou Tan, citando pressão da população turca. "Não há amigo melhor para Israel na região que a Turquia", disse.
Na Turquia, em entrevista à TV, o vice-premiê Bulent Arinc levantou a possibilidade de reduzir gradativamente as relações bilaterais até o menor grau possível e pediu que acordos militares e econômicos sejam reavaliados.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse na quarta-feira que a frota atacada "não era de paz", e sim de "apoiadores do terror".
Desde o ataque à frota, Ancara tirou o seu embaixador de Israel e cancelou exercícios militares conjuntos.

HAMAS
Nas declarações, Erdogan ainda saiu em defesa do Hamas, que controla Gaza. Ele disse que seus membros são "combatentes da resistência em defesa da sua terra", e não terroristas, como os classificam Israel e os EUA. "Eles venceram a eleição e agora estão nas prisões de Israel."
Ontem, a polícia israelense intimou quatro legisladores do Hamas que vivem em Jerusalém Oriental e representam a cidade no Legislativo palestino a deixar o Estado judaico em um mês, sob pena de serem expulsos.
Os quatro foram presos em 2006, ao lado de diversos outros partidários suspeitos do sequestro do cabo israelense Gilad Shalit -ainda cativo.


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