São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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Ação do BC europeu ajuda a espalhar o pânico pelo mundo

Órgão anuncia compra de títulos de países em crise, e mercados entendem que a situação continua crítica

Bancos estão cada vez mais relutantes em emprestar uns para os outros, como ocorreu também em 2008

DE NOVA YORK

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem a compra de títulos dos governos de Portugal e Irlanda pela primeira vez desde março, numa tentativa de aumentar seu valor de mercado.
O resgate das duas economias inquietou os investidores por ser um reconhecimento implícito de que a crise europeia está longe do fim.
Para piorar, o fato de Itália e Espanha, economias bem maiores e que também enfrentam dificuldades, terem ficado de fora da ação ajudou a enervar os mercados.
Em carta a líderes do continente, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, contribuiu para a tensão ao admitir que "está claro que não estamos mais administrando uma crise somente na periferia da zona do euro."
As Bolsas reagiram. A de Paris caiu 3,90%, enquanto a de Frankfurt registrou perdeu 3,40%. Em Londres, a queda foi de 3,43%.
Grande parte do dinheiro que saiu das ações acabou buscando títulos do Tesouro americano, derrubando seu rendimento.
Os custos de Espanha e Itália para pegar dinheiro emprestado no mercado continuaram a subir, enquanto o rendimento dos títulos alemães (vistos como os mais seguros da região europeia) também recuou.

MUNDO INTERLIGADO
Os mercados europeus também sofrem, segundo o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, com as incertezas criadas pelas negociações para aumentar o teto da dívida norte-americana.
"Está claro que todo o mundo está interligado. O que acontece nos EUA influencia o resto do mundo."
O BCE não divulgou o montante investido na aquisição de papéis, mas os primeiros números mostram que o quantia foi pequena e desapontou investidores que esperavam que Itália e Espanha também recebessem parte da aplicação.
Um aprofundamento da crise nesses dois países também terá impacto muito mais profundo não só na região, como também na economia global.
A ação do BCE acontece em um momento em que indicadores apontam queda na confiança econômica da região e, principalmente, que os bancos estão cada vez mais relutantes em emprestar dinheiro uns para os outros, repetindo o que ocorreu, por exemplo, em 2008.
Uma das consequências é que as ações das instituições financeiras estão caindo e derrubando junto o restante das Bolsas de Valores. (ÁLVARO FAGUNDES)


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