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Arsenal iraquiano alimenta mercado clandestino
JACQUES ISNARD
DO "LE MONDE"
A CIA (serviço de inteligência
dos EUA) fez um cálculo, no início do mês passado, estimando
em até 1 milhão de toneladas os
estoques de armas e munições
que, segundo seus agentes, as forças iraquianas teriam escondido
no território do país, antes mesmo do início da guerra contra o
regime de Saddam Hussein, no final de março.
De acordo com a mesma fonte,
esse total representaria um terço
dos estoques de armas que possui
o Exército dos EUA em território
americano.
Essa avaliação é baseada no
conjunto de meios -veículos de
todo tipo, aviões e helicópteros-
que a CIA estimava que o Iraque
possuísse antes do início do conflito. A estimativa da CIA parece
ter sido desmentida pelo que se
descobriu, desde então, sobre o
verdadeiro estado do arsenal iraquiano.
De fato, os anos de embargo
econômico -estabelecido após a
invasão iraquiana do Kuait, em
agosto de 1990- e as dificuldades
financeiras de Bagdá provocadas
pelo controle sobre sua receita petrolífera contribuíram para obrigar o Iraque a empreender vias
complicadas e pouco confiáveis
para modernizar suas forças.
Apesar disso, as forças americanas lançaram em maio uma grande busca, em todo o Iraque, para
tentar descobrir esconderijos de
armas e recuperar os equipamentos ainda em estado utilizável. Essa busca as levou a percorrer escolas, hospitais e mesquitas -onde
supostamente estariam guardados estoques de armas-, com
frequência partindo de denúncias
feitas por antigos soldados ou vizinhos.
Consta que os americanos teriam distribuído US$ 1 milhão em
recompensas às pessoas que lhes
forneceram essas informações. A
recompensa média é de US$ 500
por estoque de armas descoberto.
Mercado clandestino
Não foi revelada a quantidade
exata e o total das armas recuperadas. Sabe-se apenas que, além
de alguns veículos blindados e
aviões enterrados propositalmente debaixo da areia ou envoltos
em redes que, supostamente, os
protegeriam, as forças americanas conseguiram retirar dos estoques aos quais tiveram acesso
obuses de todos os calibres, armas
automáticas, foguetes antitanque,
minas, granadas, morteiros, explosivos comandados à distância
ou contendo armadilhas e mísseis
antiaéreos fixos ou portáteis.
Os mísseis terra-ar portáteis,
disparados desde o ombro de um
soldado -Stinger americano,
Strela SA-7 russo ou Mistral francês- são ferramentas militares
especialmente temidas.
De acordo com um documento
do Exército americano divulgado
antes do ataque contra o helicóptero Chinook a oeste de Bagdá
-que matou 15 americanos, no
último domingo-, cerca de 300
mísseis terra-ar teriam sido
apreendidos desde maio, quando
George Bush declarou concluídas
as principais operações militares
no Iraque.
Existe um mercado clandestino
para esse tipo de armamento, e
mais de 100 mil unidades dele foram exportadas por seus fabricantes nos últimos 15 anos. Um
SA-7 era vendido por US$ 5.000.
De acordo com o Centro de Informações sobre o Terrorismo, de
Londres, 30 redes terroristas possuem esses mísseis. Os aviões comerciais e militares podem ser alvejados por eles.
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