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REELEIÇÃO NOS EUA
Animados com a vitória de Bush, partidários à direita do presidente esperam emplacar agenda antiliberal
Conservadores agora querem sua "revolução"
DAVID D. KIRKPATRICK
DO "NEW YORK TIMES"
Exultantes com suas vitórias nas
eleições, os partidários conservadores do presidente Bush imediatamente começaram a planejar
missões integradas a uma ambiciosa agenda de objetivos longamente acalentados, entre os quais
a privatização do seguro social, a
proibição ao casamento homossexual, a reforma da Suprema
Corte e a derrubada das decisões
do tribunal que sustentam o direito ao aborto.
"Agora vem a revolução", disse
Richard Viguerie, especialista em
campanhas políticas conservadoras via mala direta, a cerca de 12
veteranos do seu movimento reunidos em torno de um televisor
aqui, computando os resultados
para o Senado, no comecinho da
manhã. "Se não implementarmos
uma agenda conservadora agora,
quando?"
Pela metade do dia, porém, a
briga pelos espólios já começara,
com os conservadores debatendo
o veredicto do pleito quanto à
Guerra do Iraque, os gastos do governo Bush e o vigoroso apoio da
administração a causas sociais
tradicionalistas.
Os cristãos conservadores, tanto católicos quanto protestantes,
estavam na frente da fila, em defesa de seus objetivos, com pesquisas que indicavam que uma pluralidade de eleitores de Bush definia os "valores morais" como
questão mais importante, e alegando que uma campanha para
proibir casamentos homossexuais havia estimulado um maior
comparecimento de eleitores às
urnas do Ohio.
"Não se equivoquem os conservadores cristãos e os eleitores
preocupados com valores deram
essa vitória a George W. Bush e
aos republicanos do Congresso",
escreveu Viguerie em memorando enviado a outros conservadores proeminentes. "É crucial que a
liderança republicana não se esqueça disso por mais que alguns
deles devam tentar", disse.
"Os liberais, muita gente na mídia e no seio do Partido Republicano estão instando o presidente
a "unir" o país descartando os aliados que lhe valeram mais quatro
anos no governo", prosseguiu Viguerie. "Estão insistindo que ele
descarte a nós, os católicos e protestantes conservadores, pessoas
para quem os valores morais são a
questão mais importante".
James Dobson, fundador da Focus on the Family e influente protestante evangélico que pela primeira vez expressou apoio a um
candidato à presidência e trabalhou para fortalecer o comparecimento dos cristãos conservadores, disse ter feito um alerta a um
"agente da Casa Branca" que ligou na manhã de quarta-feira para agradecê-lo pelo apoio.
Dobson disse que depois de informar ao sujeito que muitos cristãos acreditavam que o país estava "à beira da autodestruição" por
abandonar os valores familiares
tradicionais, argumentou que
"por meio da oração e do envolvimento de milhões de evangélicos,
protestantes e católicos tradicionais, Deus nos livrou do mal".
"Mas acredito que não por muito tempo", prosseguiu, acrescentando que os conservadores agora
tinham quatro anos para aprovar
uma emenda proibindo o casamento homossexual, pôr fim ao
aborto e à pesquisa com células-tronco de embriões, e acima de
tudo para alterar a composição da
Suprema Corte. "Acredito que o
governo Bush precise agora ser
mais agressivo na promoção desses valores, e caso não o faça creio
que pagará o preço dentro de quatro anos", disse, em referência ao
Partido Republicano.
Dobson e diversos outros conservadores cristãos disseram
acreditar que o aumento da maioria republicana no Senado e a derrota do líder da bancada democrata no Senado, Tom Dachsle, os
colocavam em posição favorável
tanto para propor uma emenda
constitucional que proíba os casamentos homossexuais quanto para aprovar um número suficiente
de juízes conservadores para a
Corte Suprema, com o objetivo de
derrubar a decisão do caso Roe vs.
Wade, e outros processos que estabeleceram o direito ao aborto.
"Creio que isso seja uma verdadeira possibilidade", disse o senador Sam Brownback, republicano
do Kansas e campeão de causas
sociais conservadoras. Enquanto
isso, diz, espera também poder
aprovar outras idéias defendidas
pelos conservadores este ano, entre as quais uma "lei de conscientização sobre a dor das crianças
não nascidas", requerendo que
haja uma oferta compulsória de
anestesia para o feto no caso de algumas mulheres que procuram
abortos.
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