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Chade solta 7 estrangeiros em caso de órfãos
Jornalistas franceses e comissárias de bordo espanholas foram presos com membros da ONG acusada de arranjar adoções ilegais
Sarkozy vai à ex-colônia buscar acusados e defende julgamento na França; para Unicef, caso é violação da lei internacional de adoção
DA REDAÇÃO
Foram soltos ontem 7 dos 17
europeus detidos no Chade sob
acusação de participação em
um esquema de tráfico de
crianças praticado pela ONG
francesa Arca de Zoé. O presidente francês, Nicolas Sarkozy,
fez uma visita de duas horas à
capital chadiana, Ndjamena,
onde defendeu que os franceses envolvidos no caso sejam
julgados em seu país.
Os três jornalistas franceses
e as quatro comissárias de bordo espanholas embarcaram no
avião de Sarkozy rumo à Europa. Eles haviam sido presos no
dia 25 de outubro em Abéché,
no leste do país, num avião que
levaria 103 crianças africanas
para famílias francesas e belgas, as quais pagaram entre
2.800 e 6.000 como "doação"
à Arca de Zoé.
Organizações de jornalistas,
autoridades chadianas e o próprio líder da Arca de Zoé, Eric
Breteau, em seu depoimento
anteontem, já haviam declarado que os jornalistas e a tripulação não tinham ligação com o
esquema.
Restam no Chade três membros da tripulação espanhóis e
um piloto belga, acusados de
cumplicidade no esquema, e
seis franceses, funcionários da
Arca de Zoé. Segundo um relatório da ONU e da Cruz Vermelha, 91 das 103 crianças não
eram órfãs, e a maioria não
provinha da conflituosa região
de Darfur, no Sudão, mas sim
do Chade -contrariando as
alegações da ONG francesa.
Ilegal
No Chade, a adoção internacional é proibida. A Arca de Zoé
defende-se afirmando que a
instituição nunca anunciara
seus serviços como adoção,
mas dissera que promovia "ajuda humanitária".
Ontem a responsável do Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância) para o caso,
Ann Veneman, repudiou a atitude da ONG. "É simplesmente
inaceitável ver crianças serem
tiradas de seus países sem cumprir com as leis locais e internacionais", disse Veneman, que
coordena a devolução das
crianças, de até 10 anos de idade, a seus parentes. "É algo que
não deve ser tolerado pela comunidade internacional."
Sarkozy declarou que "a
França tem confiança no Estado e na Justiça do Chade", em
entrevista coletiva concedida
juntamente com o presidente
chadiano, Idriss Deby.
Os presidentes negaram que
o caso afete a ajuda militar da
União Européia ao Chade para
manter a segurança na região
fronteiriça com Darfur -a
França comanda mais da metade dos cerca de 3.000 soldados
estacionados no país, preparando-se para a mobilização.
Com agências internacionais
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