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Sem fila, brasileiro vota em Obama vendo características comuns com Lula
FABIANO MAISONNAVE
EM FRAMINGHAM (MASSACHUSETTS)
Dono de uma imobiliária em
Framingham, o empresário
brasileiro Pablo Maia e a sua
mulher, Arleuza, foram em
2006 ao consulado do país em
Boston para depositar o voto
em Luiz Inácio Lula da Silva.
Dois anos depois, foi a vez de
o casal marcar o candidato democrata Barack Obama numa
escola judaica de Framingham,
cidade da região metropolitana
da capital de Massachusetts
(nordeste dos EUA).
"Obama e Lula têm algumas
características parecidas. São
pessoas pobres, que vieram de
baixo. Não é como George
Bush, um milionário", diz Maia,
que ontem teve a companhia da
filha Tracy. Nascida há 19 anos
nos EUA, a estudante de biologia também depositou seu primeiro voto no democrata.
Ao contrário de outras partes
do país, a seção eleitoral onde
vota a família Maia estava sem
filas. Do lado de fora, uma solitária simpatizante de Obama,
vestida com camiseta da campanha e segurando quatro cartazes de apoio ao democrata
-em Massachusetts, a propaganda boca-de-urna não é proibida. Tampouco há lei seca.
"Eu moro há 43 anos em Framingham e sei o que os brasileiros fizeram pela rua principal.
Muito obrigada", diz a militante democrata à família, em referência à intensa atividade comercial levada pela comunidade "brazuca" ao centro.
Os Maia fazem parte de uma
minoria da comunidade brasileira em Massachusetts. Segundo dados compilados pela ONG
Grupo Mulher Brasileira, até
setembro havia 944 brasileiros
naturalizados americanos, numa comunidade estimada entre 100 mil e 200 mil imigrantes. Ao todo, o Estado tem mais
de 4 milhões de eleitores.
Para a presidente da ONG,
Heloisa Maria Galvão, o número é pequeno, "mas, se chegarmos a 1.100, já poderemos eleger um vereador. E quem sabe
um dia teremos um governador
brasileiro em Massachusetts?",
sonha.
Crise
Como boa parte do comércio
brasileiro, a imobiliária da família Maia está na na rua principal de Framingham, epicentro da vida imigrante ali. Mesmo assim, a poucos metros, no
posto de votação instalado na
prefeitura, a lista de eleitores
trazia apenas um sobrenome
de origem portuguesa em meio
a várias centenas de inscritos.
Há 27 anos nos EUA, Maia,
49, é o único representante
brasileiro entre os cerca de 300
membros do conselho da cidade de 67 mil habitantes, dos
quais cerca de 15% vindos do
Brasil. Espécie de Câmara Municipal ampliada, uma de suas
funções é aprovar o orçamento.
Trabalhando num dos setores mais atingidos pela crise
econômica americana, Maia
acredita que a origem dos problemas não seja a "bolha" imobiliária, mas a incerteza sobre o
futuro dos imigrantes ilegais.
"A crise começou quando a
lei a favor dos imigrantes não
foi aprovada. Somos os maiores
consumidores. Se eles dizem
que entram por dia 100 mil imigrantes em Nova York, esses
100 mil vão ter de comprar 100
mil TVs, 100 mil geladeiras, 100
mil sofás. Quando a lei foi vetada, pararam de comprar. Como
comprar uma televisão hoje se
amanhã pode ir embora?"
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