São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição derrota candidatos de Obama

Um ano após ser eleito, democrata não consegue impulsionar vitórias democratas em disputas por governos de Nova Jersey e Virgínia

Republicanos vão tentar capitalizar vitórias rumo às eleições do ano que vem, nas quais tentarão recuperar a maioria no Congresso


Jeff Zelevansky/Reuters
Ao lado da vice em sua chapa, Kim Guadagno, o governador eleito de Nova Jersey, o republicano Christopher Christie, festeja a vitória

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O democrata Barack Obama amanheceu o dia em que sua escolha para a Casa Branca completou um ano com a notícia da primeira derrota eleitoral de seu mandato. Resultados oficiais das eleições de anteontem mostram que a população americana elegeu um republicano para comandar o Estado da Virgínia, vizinho a Washington, num resultado esperado, e surpreendeu ao escolher o candidato do partido da oposição também para o governo de Nova Jersey, vizinho a Nova York.
Além disso, o bilionário Michael Bloomberg derrotou seu rival democrata e foi eleito para seu terceiro mandato à frente de Nova York, a cidade mais importante do país, e no Maine, Estado governado por democratas, foi rejeitada a legalização do casamento gay, uma proposta cara à ala liberal do partido e combatida pelos republicanos conservadores (leia textos nesta página).
Embora locais, os resultados indicam potencial dor de cabeça para o partido de Obama no ano que vem, quando o Congresso renova parte do Senado e a quase totalidade da Câmara dos Representantes (deputados federais), ambas hoje comandadas pelos democratas. O controle do Legislativo é peça-chave da agenda de Obama, que precisa de maiorias absolutas para a passagem de leis polêmicas como a reforma do sistema de saúde.
Ontem, a Casa Branca evitou reconhecer o tropeço eleitoral do presidente. "Eu não acho que se possa ter uma grande percepção do que vai acontecer dentro de um ano apenas olhando para duas corridas estaduais", minimizava o porta-voz Robert Gibbs ontem, em encontro diário com jornalistas, em Washington. Mais tarde, ele diria ao site "Politico" que o presidente "nem sequer estava acompanhando os números das eleições".
O fato é que o empenho das últimas semanas de Obama em tentar reeleger o milionário democrata Jon Corzine, em Nova Jersey, e manter o governo da Virgínia em mãos democratas pelo terceiro mandato consecutivo, pelas mãos do senador estadual Creigh Deeds, deu errado em ambas as frentes. Ganharam a corrida os ex-procuradores-gerais republicanos Christopher Christie e Robert McDonnell, respectivamente, ambos com plataformas moderadas, concentradas na criação de empregos e na ajuda a pequenos empresários.
Os republicanos procuraram capitalizar em cima das duas vitórias, dizendo que elas marcam o fim da série de reveses do partido de George W. Bush e Dick Cheney, que perdeu o controle do Congresso em 2006, o da Casa Branca dois anos depois e hoje é minoria nos 50 governos estaduais.
"A vitória de Bob McDonnell dá aos republicanos um enorme impulso para 2010", disse Haley Barbour, presidente da Associação dos Governadores Republicanos. "Seu foco em ideias e em questões do dia a dia econômico dos eleitores servirá como modelo para todos os republicanos que concorrerem no ano que vem."
De acordo com resultados preliminares das pesquisas, os eleitores independentes, que não são filiados a nenhum dos dois partidos majoritários, preferiram os candidatos republicanos nos dois Estados. As corridas também foram marcadas por um certo caráter plebiscitário dos primeiros dez meses de Obama no poder. Ontem, 4 em 10 eleitores da Virgínia disseram que sua opinião sobre o presidente pesou no voto.
Já os democratas não conseguiram mobilizar a mesma base que ajudou o partido a sair vitorioso em 2008, principalmente eleitores mais jovens e eleitores de primeira viagem. No ano passado, esses dois grupos haviam sido fundamentais para que Obama fosse o primeiro candidato democrata a ganhar na Virgínia desde Lyndon Johnson, em 1964.
Em Nova Jersey, as denúncias de corrupção que envolveram diversos setores da vida pública ajudaram a piorar a imagem do atual governador. O processo fora aberto por Christie e culminou em julho nas prisões de dezenas de políticos.
"O presidente implantou políticas que são diferentes, controversas, e eu acho que distantes do que pensa o americano médio", disse Michael Steele, presidente do Partido Republicano, analisando os resultados. Mas o melhor conselho talvez tenha vindo de Charlie Cook, um dos principais analistas eleitorais do país: "O melhor é ter cuidado para não analisarmos demais os resultados das eleições de hoje".


Texto Anterior: Justiça da Itália condena 23 americanos por ação da CIA
Próximo Texto: Maine revoga nas urnas lei de casamento gay
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.