São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Questão hondurenha ameaça isolar Brasil na OEA

México e Chile elogiam a eleição do último domingo

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O Brasil reafirmou ontem à tarde na OEA (Organização dos Estados Americanos) sua posição de não reconhecer a eleição hondurenha de domingo nem o presidente eleito então, Porfirio Lobo, numa ação que pode isolar Brasília na entidade multilateral e fortalecer os Estados Unidos.
Durante reunião extraordinária da OEA, encerrada às 20h36 de ontem, o representante brasileiro, Ruy Casaes, disse que o país se manteria fiel as suas convicções e que não se afastaria de declarações anteriores. Negar que os acordos de Honduras não foram cumpridos, disse o diplomata, seria "negar a própria história".
Minutos depois, em sua primeira intervenção desde que foi confirmada no cargo pelo Senado, a nova representante norte-americana, Carmen Lomellin, disse que as eleições tinham sido livres, justas e transparentes e tinham sido uma grande vitória para a Carta Democrática da entidade. "É hora de olhar para a frente, não para trás", concluiu ela.
Os dois países marcam mais ou menos as posições dos dois maiores grupos entre os 33 países ativos da OEA. Até a conclusão desta edição, haviam dado declarações que indicavam posições semelhantes às brasileiras os vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai e os bolivarianos Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela.
Fecharam com os norte-americanos Canadá, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Panamá e República Dominicana -mais ou menos o esperado.
As surpresas foram as posições dúbias de países como Chile e México, que elogiaram a realização das eleições, mas principalmente a posição do secretário-geral da entidade, o chileno José Miguel Insulza.
Após fazer seu relatório da situação, em que ressaltou a falta de mecanismos confiáveis para verificar a transparência das eleições, Insulza fez uma declaração que pode indicar o pensamento dominante na entidade doravante: "Quem está na melhor posição para iniciar a restauração democrática e institucional de Honduras é o próximo presidente, que assumirá em 27 de janeiro".
Continuou: "Pode colocar um fim na perseguição contra Manuel Zelaya, separar-se clara e publicamente do ocorrido nos últimos meses, restabelecer plenamente a vigência dos direitos humanos e as liberdades públicas e convocar todas as forças democráticas a um grande acordo nacional".
De qualquer maneira, Honduras segue suspensa da entidade e a ela só voltará pelo voto de dois terços dos países-membros. É pouco provável que isso aconteça antes da posse de Lobo, marcada para 27 de janeiro.


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