|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Questão hondurenha ameaça isolar Brasil na OEA
México e Chile elogiam a eleição do último domingo
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O Brasil reafirmou ontem à
tarde na OEA (Organização dos
Estados Americanos) sua posição de não reconhecer a eleição
hondurenha de domingo nem o
presidente eleito então, Porfirio Lobo, numa ação que pode
isolar Brasília na entidade multilateral e fortalecer os Estados
Unidos.
Durante reunião extraordinária da OEA, encerrada às
20h36 de ontem, o representante brasileiro, Ruy Casaes,
disse que o país se manteria fiel
as suas convicções e que não se
afastaria de declarações anteriores. Negar que os acordos de
Honduras não foram cumpridos, disse o diplomata, seria
"negar a própria história".
Minutos depois, em sua primeira intervenção desde que
foi confirmada no cargo pelo
Senado, a nova representante
norte-americana, Carmen Lomellin, disse que as eleições tinham sido livres, justas e transparentes e tinham sido uma
grande vitória para a Carta Democrática da entidade. "É hora
de olhar para a frente, não para
trás", concluiu ela.
Os dois países marcam mais
ou menos as posições dos dois
maiores grupos entre os 33 países ativos da OEA. Até a conclusão desta edição, haviam dado
declarações que indicavam posições semelhantes às brasileiras os vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai e os bolivarianos Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela.
Fecharam com os norte-americanos Canadá, Colômbia,
Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Panamá e República Dominicana -mais ou menos o
esperado.
As surpresas foram as posições dúbias de países como
Chile e México, que elogiaram a
realização das eleições, mas
principalmente a posição do
secretário-geral da entidade, o
chileno José Miguel Insulza.
Após fazer seu relatório da situação, em que ressaltou a falta
de mecanismos confiáveis para
verificar a transparência das
eleições, Insulza fez uma declaração que pode indicar o pensamento dominante na entidade
doravante: "Quem está na melhor posição para iniciar a restauração democrática e institucional de Honduras é o próximo presidente, que assumirá
em 27 de janeiro".
Continuou: "Pode colocar
um fim na perseguição contra
Manuel Zelaya, separar-se clara e publicamente do ocorrido
nos últimos meses, restabelecer plenamente a vigência dos
direitos humanos e as liberdades públicas e convocar todas
as forças democráticas a um
grande acordo nacional".
De qualquer maneira, Honduras segue suspensa da entidade e a ela só voltará pelo voto
de dois terços dos países-membros. É pouco provável que isso
aconteça antes da posse de Lobo, marcada para 27 de janeiro.
Texto Anterior: Clóvis Rossi: Dilma e Honduras, nem tudo a ver Próximo Texto: Explosão em casa noturna mata 86 na Rússia central Índice
|