São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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VENEZUELA

Vice-presidente José Vicente Rangel acusa prefeito de ser responsável por mortes de manifestantes na sexta-feira

Chavistas atacam posto da polícia municipal de Caracas

DA REDAÇÃO

Simpatizantes do presidente Hugo Chávez fizeram protestos ontem, em Caracas, durante o enterro dos dois manifestantes que morreram no confronto entre policiais, partidários e adversários do governo, na sexta-feira. No sábado à noite, dois policiais foram baleados próximo ao local do velório de um dos mortos.
O incidente de sexta-feira causou, além das duas mortes, ferimentos em 78 pessoas. O vice-presidente, José Vicente Rangel, responsabilizou o prefeito de Caracas, Alfredo Peña.
A crise no país vem se agravando desde 2 de dezembro, quando foi iniciada a greve organizada pelos adversários do presidente, que exigem sua renúncia. A paralisação interrompeu as exportações de petróleo e obrigou o país a importar combustível.

Ataque à polícia
Milhares de defensores de Chávez acompanharam, em Caracas, o velório de Oscar Gómez Aponte, 24, baleado na sexta-feira. O vice-presidente Rangel também foi à funerária e fez acusações contra o prefeito, que é adversário de Chávez. Ele afirmou que o governo possui uma gravação em vídeo que mostra que a Polícia Metropolitana, sob controle do prefeito, é responsável pelas duas mortes.
Logo após as declarações de Rangel, um grupo de cerca de 15 pessoas atirou contra um posto policial próximo à funerária.
Segundo o diretor da Polícia Metropolitana, Henry Vivas, um policial foi baleado na coxa, e uma inspetora foi ferida por fragmentos de uma bala que ricocheteou. Os policiais responderam ao fogo usando balas de borracha e gás lacrimogêneo. Ninguém foi preso.
Rangel voltou a fazer acusações ontem, durante o cortejo fúnebre dos dois mortos. "Esses mortos são de Peña, esses mortos são de Henry Vivas. A "Peñapol" é que atua contra o povo", disse ele.
A oposição está concentrando esforços para pressionar pela realização de um referendo no dia 2 de fevereiro, em que os venezuelanos poderiam indicar se desejam ou não que Chávez cumpra seu mandato até o fim, em 2007.

Assinaturas
A oposição apresentou mais de 150 mil assinaturas para as autoridades eleitorais, em 6 de novembro, pedindo o referendo. A comissão nacional eleitoral, porém, disse que o Parlamento, de maioria chavista, não autorizou a verba de US$ 22 milhões necessária para realizá-lo. Por isso os líderes da oposição estão pedindo à população que faça doações em dinheiro para pagar o referendo.
Não há, entretanto, nenhuma garantia de que a consulta se realizará, pois o governo não o aceita e Chávez já afirmou que irá ignorar o resultado. A Constituição venezuelana só admite a realização de um referendo transcorrida a metade do mandato presidencial, ou seja, a partir de agosto próximo.


Com agências internacionais.


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