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UE vai debater uso de scanner em aeroporto
Espanha já afirmou que não adotará aparelho, cujo emprego descreve como "violação da privacidade dos passageiros"
Viajantes comentam ao desembarcar em Nova York que aplicação das normas de segurança dos EUA pelo mundo não é uniforme
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A Comissão Europeia, órgão
executivo da União Europeia,
reunirá amanhã peritos em segurança aérea parar discutir
custos e benefícios de adotar
scanners corporais nos aeroportos dos 27 países do bloco.
As máquinas são uma espécie
de "raio-X" com micro-ondas
que revelam o que os viajantes
usam sob as roupas -exibindo
até contornos dos corpos nus.
Segundo uma porta-voz da
comissão, "é cedo demais" para
se falar em um futuro compromisso entre UE e EUA.
A medida -citada ontem pelo presidente Barack Obama
como artifício para aumentar a
segurança da população americana- passou a ser cogitada
por sugestão da agência americana de segurança nos transportes após uma tentativa frustrada de atentado em um avião
rumo a Detroit no Natal. Aeroportos dos EUA enrijeceram
suas práticas desde então.
Um dos maiores aeroportos
da Europa, Schiphol, em Amsterdã, já iniciou os testes e
anunciou que adotará scanners
para voos aos EUA em breve.
O governo britânico também
informou ontem que passará a
usar os aparelhos, apesar da
chiadeira de grupos de liberdades civis que os acham invasivos à privacidade, sobretudo no
caso de crianças. Especialistas
ainda questionam sua eficácia.
Embora em 2008 o Parlamento Europeu tenha levantado dúvidas sobre a privacidade
e a saúde dos passageiros sob os
scanners, a legislação da UE
não veta os aparelhos.
Há, no entanto, dissonâncias
entre os 27 países do bloco. A
Espanha já afirmou que não
adotará as práticas, que descreve como "violação da privacidade dos passageiros". E a Alemanha deve esperar até o verão setentrional (junho a setembro)
para testar aparelhos que resguardem os viajantes.
Anteontem, a Folha esteve
nos maiores aeroportos espanhóis (Madri e Barcelona). Nada mudou na inspeção comum.
Em Nova York
No segundo dia de aplicação
das novas medidas de segurança anunciadas pelo governo dos
EUA, passageiros que desembarcaram no aeroporto internacional JFK em Nova York relataram a falta de padronização
nas medidas de segurança adotadas em aeroportos e as dúvidas sobre o que pode ou não ser
carregado na bagagem.
Na prática, aeroportos que
funcionam como plataformas
de distribuição de voos internacionais, como o de Dubai (nos
Emirados Árabes Unidos), já
adotaram regras mais rígidas.
Ferdous Alam chegou na manhã de ontem de Bangladesh.
Em seu país, não houve qualquer procedimento novo.
Na parada em Dubai, todos
os passageiros tiveram as bagagens de mão revistadas, foram
submetidos à revista corporal e
passaram por scanner.
Chawa Gupta, que também
chegou de Bangladesh, reclama
dos exageros. "Bangladesh é
um país pobre. Não temos tempo e nem recursos para ficar
checando todo mundo. No aeroporto de Dubai, que é mais
internacional, até meu batom
tiraram da bagagem de mão."
Jaber Ismaeel, que voou diretamente de Dubai, reclamou
dos procedimentos adotados
na chegada a Nova York. "Há
anos visito esse país. Venho a
cada seis meses. Hoje, ao passar
pela imigração, cumpri todo o
procedimento de quem vem ao
país pela primeira vez."
Alguns passageiros relataram dificuldades nos aeroportos para passar pela checagem
sem provocar atrasos. Evelyn
Rodriguez chegou da República
Dominicana e disse que a inspeção tomou muito mais tempo que em viagens anteriores.
Andrea Clemons, que chegou
da Índia, também narrou discrepância entre o tratamento
no embarque e na escala. "Na
Índia, o procedimento foi como
o que ocorria antes das novas
restrições. Em Dubai, me disseram para tirar aquele saco plástico transparente, que diferença isso faz para a segurança?".
O Departamento de Segurança Doméstica enviou funcionários para reuniões com os
principais aeroportos da Ásia,
África, Europa, América do Sul
e Oriente Médio para definir a
implantação das novas regras.
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