São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Berlusconi tenta barrar eutanásia com decreto

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo italiano afirmou que pretende editar um decreto legislativo -semelhante a uma medida provisória- para tentar barrar o desligamento da alimentação por sonda de Eluana Englaro, em coma há 17 anos após um acidente de carro.
O jornal "La Repubblica" noticiava na sua edição eletrônica ontem, no entanto, que a ideia já enfrentava resistência até mesmo de aliados de Silvio Berlusconi.
Após intensa batalha judicial, a família de Eluana foi autorizada pela máxima corte de Justiça da Itália a interromper a alimentação artificial que a mantém viva. O Vaticano e o governo de Berlusconi são contrários à medida.
Na terça-feira, Eluana foi transferida para uma clínica particular em Udine (nordeste do país), que aceitou fazer o procedimento, previsto para ter início hoje. O decreto, que já estaria pronto, quer proibir que "a alimentação e a hidratação" sejam suspensas "quando a própria vida delas depende".
A imprensa italiana noticiou que o presidente da República, Giorgio Napolitano, que deveria assinar o decreto, tem "dúvidas" sobre a medida, já que ela significaria um conflito aberto entre governo e Judiciário. O presidente da Câmara, Gianfranco Fini, aliado de Berlusconi, também manifestou dúvidas sobre a iniciativa.
Também ontem, o arcebispo da província de Foggia, monsenhor Giuseppe Casale, defendeu a decisão da família de Eluana de interromper a alimentação artificial, comparando o caso da jovem com os últimos dias de vida de João Paulo 2º.
Segundo ele, o papa também pediu a interrupção dos tratamentos que não faziam mais efeitos, próximo à sua morte. "Se um tratamento não trará mais benefícios, pode ser legitimamente interrompido", disse o religioso ao jornal "La Stampa", contrariando a posição do Vaticano em relação ao caso.


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