São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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Chávez agora diz querer "paz verdadeira"

Segundo ele, crise é culpa dos EUA e de Uribe; apesar de mobilização anunciada, tropas ainda não chegaram à fronteira

Presidente venezuelano recebe Correa e nega ter comunicação direta com as Farc; "quem dera tivesse, porque queremos a paz"

ADRIANA KÜCHLER
DE CARACAS

O presidente Hugo Chávez afirmou ontem que a Venezuela quer a paz, ao mesmo tempo em que o seu ministro da Defesa, Gustavo Rangel Briceño, afirmava que até o fim do dia as Forças Armadas deveriam ter mobilizado 100% do contingente de dez batalhões que o presidente ordenou, no domingo, que fossem deslocados até a fronteira com a Colômbia.
Chávez relatou uma conversa que teve com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em um ato com professores venezuelanos. Segundo Chávez, seu par francês estaria preocupado com a tensão na região.
"Eu disse ao presidente e bom amigo, Nicolas Sarkozy, que nós somos um povo e uma nação pacifista. Nós queremos a paz e nada nem ninguém nos tirará do caminho da paz verdadeira", disse.
Ele culpou o "império americano e seus lacaios" pela crise, dizendo que eles representam uma ameaça de guerra regional. "Nós somos o caminho da paz", afirmou.
Embora o ministro Briceño tenha garantido que ontem 85% das forças mobilizadas por ordem de Chávez já estavam na fronteira, sua presença não seja visível (veja texto ao lado).
Segundo o ministro, os militares estariam realizando "funções cotidianas", como controlar a entrada e a saída do país e o contrabando, e reconhecendo território. Ele também informou que a fronteira não será fechada, já que essa não teria sido uma ordem de Chávez.
O comandante estratégico operacional da Defesa, Jesus González González, afirmou que não é possível informar quantos militares foram deslocados para a área e nem para onde foram. "Isso é uma questão de segurança. Querer divulgar essa informação é sinal de antipatriotismo."
Briceño disse que a decisão de mover batalhões à fronteira foi tomada diante da "ameaça que pesa sobre a nossa pátria" porque as razões usadas para invadir o território do Equador "poderiam ser consideradas válidas para um similar comportamento em nosso país".

Cristina e Correa
Chávez recebeu ontem à noite o presidente equatoriano, Rafael Correa, em mais uma etapa de sua campanha para angariar aliados na defesa da soberania equatoriana. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também chegaria.
Em entrevista ao lado de Correa, ele respondeu à informação de uma rádio colombiana de que teria sido uma ligação sua que ajudou a localizar o líder das Farc Raúl Reyes. "Quem dera tivesse. Porque queremos buscar a paz."
A visita de Cristina a Caracas, que estava marcada há cerca de um mês, para a assinatura de um acordo comercial adquiriu agora um forte tom político. Além de confirmar o acordo em que a Argentina venderá alimentos à Venezuela em troca do fornecimento de petróleo, também é esperada uma declaração de Cristina sobre os conflitos na região. Cristina ainda deve encontrar a mãe de Ingrid Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia seqüestrada pelas Farc.


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