São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Alta se explica por petróleo, demanda, clima e especulação

DA REUTERS, EM IAUNDÉ

A alta do custo de vida se deve a várias causas. Os preços recordes do petróleo, movidos pela demanda e a insegurança em regiões produtoras, elevaram os preços dos combustíveis, tornando mais caro tudo o que precisa ser transportado.
O aumento do consumo de rações animais e outros alimentos pela China e Índia e o uso de terras e plantações para a produção de biocombustíveis vêm elevando a demanda por alimentos. As condições climáticas irregulares prejudicaram as safras em algumas regiões. Enquanto isso, fundos de investimentos e outros especuladores apostam na alta dos preços, num ciclo que vai cumprindo suas próprias expectativas.
Governos de todo o mundo estão enfrentando as conseqüências de tudo isso.
Em janeiro, a presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, pediu ao Vietnã a garantia de até 1,5 milhão de toneladas anuais de arroz, temendo que uma escassez cause problemas políticos para ela. A Indonésia, onde o presidente Susilo Bambang Yudhoyono deve tentar se reeleger em 2009, anunciou medidas para frear os preços do óleo de palma, da farinha de trigo, do arroz e da soja.
Em um exemplo latino-americano, o Peru anunciou na semana passada que doará alimentos à população mais carente e criou um fundo para absorver os altos preços do petróleo, no momento em que a aprovação do presidente Alan García cai abaixo de 30%.
O Programa Mundial de Alimentação da ONU prevê uma tempestade de problemas em suas operações. Faltam à organização US$ 500 milhões devido à alta dos custos da compra e distribuição de alimentos.
E a necessidade de mais ajuda não pára de crescer. Na semana passada, 40 organizações lançaram um apelo ao mundo para que volte sua atenção à catastrófica crise na Somália, onde centenas de milhares de pessoas sofrem os efeitos da guerra, seca e escassez de alimentos.
Funcionários humanitários temem que o furor crescente provocado pela alta dos preços possa incentivar comerciantes a estocar alimentos. A reação dos governos -por meio de cortes ou subsídios- pode adiar a adoção de medidas de adaptação econômica real, como o incentivo a agricultores locais para plantarem mais. Mas ela amortece o sofrimento dos governos e dos pobres.
"Há poucos governos, sobretudo nesta região, fortes o suficiente para encorajar esse tipo de incentivo econômico com efeito a longo prazo", disse Razia Khan, diretora de pesquisa da organização financeira Standard Chartered Africa.
Assim, mais e mais governos africanos podem optar por pedir assistência alimentar. É possível que eles recordem o presidente liberiano William Tolbert, morto a facadas em 1980 durante uma revolta contra alta do preço do arroz. (TM)


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