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Alta se explica por petróleo, demanda, clima e especulação
DA REUTERS, EM IAUNDÉ
A alta do custo de vida se deve a várias causas. Os preços recordes do petróleo, movidos
pela demanda e a insegurança
em regiões produtoras, elevaram os preços dos combustíveis, tornando mais caro tudo o
que precisa ser transportado.
O aumento do consumo de
rações animais e outros alimentos pela China e Índia e o
uso de terras e plantações para
a produção de biocombustíveis
vêm elevando a demanda por
alimentos. As condições climáticas irregulares prejudicaram
as safras em algumas regiões.
Enquanto isso, fundos de investimentos e outros especuladores apostam na alta dos preços, num ciclo que vai cumprindo suas próprias expectativas.
Governos de todo o mundo
estão enfrentando as conseqüências de tudo isso.
Em janeiro, a presidente das
Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, pediu ao Vietnã a garantia
de até 1,5 milhão de toneladas
anuais de arroz, temendo que
uma escassez cause problemas
políticos para ela. A Indonésia,
onde o presidente Susilo Bambang Yudhoyono deve tentar se
reeleger em 2009, anunciou
medidas para frear os preços do
óleo de palma, da farinha de trigo, do arroz e da soja.
Em um exemplo latino-americano, o Peru anunciou na semana passada que doará alimentos à população mais carente e criou um fundo para absorver os altos preços do petróleo, no momento em que a
aprovação do presidente Alan
García cai abaixo de 30%.
O Programa Mundial de Alimentação da ONU prevê uma
tempestade de problemas em
suas operações. Faltam à organização US$ 500 milhões devido à alta dos custos da compra e
distribuição de alimentos.
E a necessidade de mais ajuda não pára de crescer. Na semana passada, 40 organizações
lançaram um apelo ao mundo
para que volte sua atenção à catastrófica crise na Somália, onde centenas de milhares de pessoas sofrem os efeitos da guerra, seca e escassez de alimentos.
Funcionários humanitários
temem que o furor crescente
provocado pela alta dos preços
possa incentivar comerciantes
a estocar alimentos. A reação
dos governos -por meio de
cortes ou subsídios- pode
adiar a adoção de medidas de
adaptação econômica real, como o incentivo a agricultores
locais para plantarem mais.
Mas ela amortece o sofrimento
dos governos e dos pobres.
"Há poucos governos, sobretudo nesta região, fortes o suficiente para encorajar esse tipo
de incentivo econômico com
efeito a longo prazo", disse Razia Khan, diretora de pesquisa
da organização financeira
Standard Chartered Africa.
Assim, mais e mais governos
africanos podem optar por pedir assistência alimentar. É
possível que eles recordem o
presidente liberiano William
Tolbert, morto a facadas em
1980 durante uma revolta contra alta do preço do arroz.
(TM)
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