São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2005

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Amorim não se opõe a envio de marines a Haiti

DO ENVIADO ESPECIAL A FORT LAUDERDALE

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu com ironia ao editorial de ontem do jornal "Washington Post", que considerou um fracasso a missão de estabilização da ONU no Haiti, que tem o comando do Exército brasileiro, e disse que não se opõe ao envio de fuzileiros navais americanos ao país do Caribe.
"Os americanos estão preparados para ir? Não tenho problema. É uma força multinacional, sob os auspícios da ONU", disse Amorim em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de os EUA enviarem soldados para acompanhar as eleições previstas para outubro deste ano, feita pelo repórter do Post na entrevista coletiva que concedeu na Flórida.
Segundo o Post, a embaixada norte-americana no Haiti solicitou ao governo de George W. Bush o envio de fuzileiros para garantir a segurança durante as eleições de outubro. O jornal criticou o trabalho que o Exército brasileiro vem desenvolvendo no Haiti, dizendo que a missão "fracassou", e sugeriu que os EUA poderiam cuidar melhor do assunto.
O chanceler brasileiro rechaçou os comentários. "Essas críticas [do Washington Post] a meu ver não procedem, o que não quer dizer que a situação não seja difícil. Ela é difícil, tem várias dimensões. A melhoria da situação no Haiti passa por uma atitude de diálogo e respeito pleno aos direitos humanos, que não é fácil, que exige um comportamento maduro da parte das autoridades (...) Passa também por uma presença e ajuda maior da comunidade internacional", disse Amorim.
Em entrevista ao jornal "Miami Herald", a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, aprovou o desempenho brasileiro na liderança da missão de paz, ressaltando que os militares optaram pelo desarmamento do país como tema.
"Avaliamos que a missão da ONU liderada pelos brasileiros vem fazendo um trabalho muito bom. Eles têm sido mais ativos nos esforços de desmilitarizar a situação, de desarmar as milícias. Estamos observando e conversando com a ONU e outros sobre nos prepararmos agora para apoiar as eleições. E acredito que vamos precisar avaliar se a postura das forças é adequada quando estivermos no processo eleitoral, o que mais precisa ser feito."
Amorim se mostrou favorável ao reforço da presença militar no Haiti. "Eu estaria de acordo. A limitação do número de policiais, de militares, não é dada pelo Brasil. O Brasil acha que seria melhor. Se houvesse presença maior da comunidade internacional isso seria certamente positivo, inclusive na área policial", afirmou.
Apesar do aumento da violência no Haiti, não havia tendência ontem de que a OEA aprovasse uma resolução de apoio à missão da ONU no Haiti.
(ID)

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