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Amorim não se opõe a envio de marines a Haiti
DO ENVIADO ESPECIAL A FORT LAUDERDALE
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu com
ironia ao editorial de ontem do
jornal "Washington Post", que
considerou um fracasso a missão
de estabilização da ONU no Haiti,
que tem o comando do Exército
brasileiro, e disse que não se opõe
ao envio de fuzileiros navais americanos ao país do Caribe.
"Os americanos estão preparados para ir? Não tenho problema.
É uma força multinacional, sob os
auspícios da ONU", disse Amorim em resposta a uma pergunta
sobre a possibilidade de os EUA
enviarem soldados para acompanhar as eleições previstas para outubro deste ano, feita pelo repórter do Post na entrevista coletiva
que concedeu na Flórida.
Segundo o Post, a embaixada
norte-americana no Haiti solicitou ao governo de George W.
Bush o envio de fuzileiros para garantir a segurança durante as eleições de outubro. O jornal criticou
o trabalho que o Exército brasileiro vem desenvolvendo no Haiti,
dizendo que a missão "fracassou", e sugeriu que os EUA poderiam cuidar melhor do assunto.
O chanceler brasileiro rechaçou
os comentários. "Essas críticas
[do Washington Post] a meu ver
não procedem, o que não quer dizer que a situação não seja difícil.
Ela é difícil, tem várias dimensões.
A melhoria da situação no Haiti
passa por uma atitude de diálogo
e respeito pleno aos direitos humanos, que não é fácil, que exige
um comportamento maduro da
parte das autoridades (...) Passa
também por uma presença e ajuda maior da comunidade internacional", disse Amorim.
Em entrevista ao jornal "Miami
Herald", a secretária de Estado
norte-americana, Condoleezza
Rice, aprovou o desempenho brasileiro na liderança da missão de
paz, ressaltando que os militares
optaram pelo desarmamento do
país como tema.
"Avaliamos que a missão da
ONU liderada pelos brasileiros
vem fazendo um trabalho muito
bom. Eles têm sido mais ativos
nos esforços de desmilitarizar a situação, de desarmar as milícias.
Estamos observando e conversando com a ONU e outros sobre
nos prepararmos agora para
apoiar as eleições. E acredito que
vamos precisar avaliar se a postura das forças é adequada quando
estivermos no processo eleitoral,
o que mais precisa ser feito."
Amorim se mostrou favorável
ao reforço da presença militar no
Haiti. "Eu estaria de acordo. A limitação do número de policiais,
de militares, não é dada pelo Brasil. O Brasil acha que seria melhor.
Se houvesse presença maior da
comunidade internacional isso
seria certamente positivo, inclusive na área policial", afirmou.
Apesar do aumento da violência
no Haiti, não havia tendência ontem de que a OEA aprovasse uma
resolução de apoio à missão da
ONU no Haiti.
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