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FOCO
Zoo inteiro chegou por túneis cavados sob fronteira egípcia
DO ENVIADO ESPECIAL A GAZA
"Meu sonho é contrabandear um elefante para Gaza".
A frase, que soa como devaneio de um filme de Federico
Fellini ou de um conto de
Moacyr Scliar, é dita com toda a seriedade por Mohammad Weda, dono do maior
zoo da faixa de Gaza.
Os 30 animais que habitam uma das poucas opções
locais de entretenimento foram trazidos pelos túneis que
passam sob a fronteira com o
Egito, e são sobreviventes da
ofensiva israelense da virada
de 2009.
"Perdemos 20 animais",
conta Weda, que empalhou e
colocou na entrada um cervo
e dois macacos, numa incomum homenagem a "mártires" do conflito com Israel.
Mas o sonho do empreendedor terá que esperar. Não
pelas limitações das vias
subterrâneas. Afinal, diz ele,
se carros inteiros chegam pelos túneis, "qualquer coisa
pode passar".
O problema é o preço de
um elefante, R$ 1 milhão. Por
enquanto, os visitantes terão
que se contentar com o par
de zebras e o canguru que devem chegar nesta semana.
Com as aquisições, Weda
quer reparar a humilhação
causada pela revelação, feita
por um jornal israelense no
ano passado, de que as zebras de outro zoo de Gaza
são, na verdade, jumentos
pintados.
Acanhado, o parque é investimento de vulto para os
padrões locais.
O casal de tigres custou R$
155 mil, além de uma mordida no braço de Weda.
Três anos após inaugurada, a atração não dá lucro.
O baixo poder aquisitivo
em Gaza obriga os donos a
cobrar preços irrisórios - R$
2 para adultos e R$ 1 para
crianças- e o investimento
continua empatado.
(MN)
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