São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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Europa é sistema de partido único, diz filósofo István Mészáros

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A última crise financeira enterrou os resquícios de diferença entre social-democratas e conservadores na Europa e agora prevalece no continente a definição que o escritor Gore Vidal cunhou para os EUA: um sistema de partido único com duas alas direitistas.
A afirmação é do filósofo húngaro István Mészáros, professor da Universidade de Sussex (Reino Unido), que chega ao Brasil nesta semana para o lançamento da coletânea em sua homenagem, "István Mészáros e os Desafios do Tempo Histórico" (editora Boitempo).
"É irônico que na Grécia e na Espanha a tarefa de impor um arrocho cada vez maior aos trabalhadores tenha sido passada a governos ditos socialistas e assumida por eles. Para superar a paralisia imposta pelo "sistema de partido único", é preciso mudar o processo de tomada de decisões", disse à Folha.
Um dos principais teóricos marxistas vivos, Meszáros, 81, deixou a Hungria após a invasão soviética de 1956. Ele se notabilizou pela crítica à gestão econômica opressiva no antigo bloco socialista, contida em seu livro "Para Além do Capital".
Segundo ele, a crise hoje nos países ricos é estrutural, e não parte dos movimentos cíclicos tradicionais no capitalismo. Portanto, diz, não está no horizonte uma "longa onda ascendente" de recuperação econômica.
"Uma crise estrutural requer remédios radicais. Não há lugar para a autocomplacência quando trilhões de dólares jogados fora [para salvar os bancos] mal puderam arranhar a superfície do problema real."
Para Mészáros, o recurso às propostas do britânico John Maynard Keynes (1883-1946) -de intervenção estatal para regular o mercado e estimular o crescimento- pode trazer "alívio temporário". Não resolve, porém, o impasse causado pelo domínio das finanças sobre toda a atividade econômica.
"Grécia, Irlanda e Portugal estão falidos e outros países da Europa não estão longe disso. Os Estados podem intervir para se proteger, por meio do agravamento do seu próprio endividamento. Mas há um limite."
O filósofo fará palestras em São Paulo, Salvador, Fortaleza e Rio.

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folha.com.br/mu925717


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