São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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Desgastado, Fox assume bandeira da segurança

DO ENVIADO ESPECIAL

Já com um lugar na história por encerrar um ciclo de 71 anos de governos sucessivos do PRI (Partido Revolucionário Institucional), o presidente mexicano, Vicente Fox, 62, corre agora contra o tempo para cumprir ao menos parte de suas promessas de campanha nos pouco mais de dois anos que lhe restam de mandato, iniciado no final de 2000.
Fox vive um paradoxo. Apesar de sua imagem pessoal ter atravessado três anos e meio de Presidência razoavelmente incólume, aos olhos do mesmo eleitorado seu governo tem fracassado em quase todos os quesitos.
Pesquisa divulgada ontem pelo influente jornal "El Universal" mostra que a população reprova o governo Fox em quase todas as 12 áreas questionadas: desemprego (72%), economia (68%), combate à pobreza (60%) e até na forma como administra as críticas contra sua mulher, a presidenciável Marta Sahagún (51%).
Acusada de ingerência no governo, Sahagún tem sido uma fonte de desgaste para Fox. Ontem, o porta-voz presidencial, Alfonso Durazo, pediu demissão após atritos com a primeira-dama. "Certamente, o país avançou politicamente para que uma mulher chegue à Presidência, mas não está preparado para que o presidente deixe sua esposa ser presidente", disse.
O único tema que teve desempenho positivo na pesquisa (52% de aprovação) são as relações com os EUA, reflexo da oposição de Fox à Guerra do Iraque.
O descontentamento já se refletiu nas urnas -neste fim de semana, seu partido, o PAN (Partido da Ação Nacional), não ganhou nenhum dos três Estados disputados e, no ano passado, perdeu bastante espaço no Congresso, onde Fox tem minoria e não consegue ter seus projetos aprovados.

Segurança pública
Para tentar reverter esse quadro, a nova investida de Fox tem sido na segurança pública, apontada por 39% dos mexicanos como o principal problema do país.
Acuados por uma onda de violência, na qual o crime de seqüestro sobressai, centenas de milhares de mexicanos se vestiram de branco e saíram às ruas do país na semana passada. Apenas na capital, governada pelo líder oposicionista Andrés Manuel López Obrador, ao menos 100 mil pessoas compareceram, no maior protesto dos últimos dez anos.
Nos últimos dias, Fox tem falado constantemente sobre o tema. Na última quinta-feira, anunciou um pacote com dez medidas, entre elas a primeira reunião do Conselho Nacional de Segurança, ainda neste mês, e o aumento de verbas contra o crime em 2005.
Com isso, Fox também tenta desgastar o esquerdista López Obrador, favorito para ganhar as eleições presidenciais de 2006 -o mandato no México é de seis anos, sem reeleição. Os dois vêm fazendo um jogo de empurra sobre a questão de segurança pública no Distrito Federal mexicano. (FM)


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