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Desgastado, Fox assume bandeira da segurança
DO ENVIADO ESPECIAL
Já com um lugar na história por encerrar um ciclo de
71 anos de governos sucessivos do PRI (Partido Revolucionário Institucional), o
presidente mexicano, Vicente Fox, 62, corre agora contra
o tempo para cumprir ao
menos parte de suas promessas de campanha nos
pouco mais de dois anos que
lhe restam de mandato, iniciado no final de 2000.
Fox vive um paradoxo.
Apesar de sua imagem pessoal ter atravessado três anos
e meio de Presidência razoavelmente incólume, aos
olhos do mesmo eleitorado
seu governo tem fracassado
em quase todos os quesitos.
Pesquisa divulgada ontem
pelo influente jornal "El Universal" mostra que a população reprova o governo Fox
em quase todas as 12 áreas
questionadas: desemprego
(72%), economia (68%),
combate à pobreza (60%) e
até na forma como administra as críticas contra sua mulher, a presidenciável Marta
Sahagún (51%).
Acusada de ingerência no
governo, Sahagún tem sido
uma fonte de desgaste para
Fox. Ontem, o porta-voz
presidencial, Alfonso Durazo, pediu demissão após
atritos com a primeira-dama. "Certamente, o país
avançou politicamente para
que uma mulher chegue à
Presidência, mas não está
preparado para que o presidente deixe sua esposa ser
presidente", disse.
O único tema que teve desempenho positivo na pesquisa (52% de aprovação)
são as relações com os EUA,
reflexo da oposição de Fox à
Guerra do Iraque.
O descontentamento já se
refletiu nas urnas -neste
fim de semana, seu partido,
o PAN (Partido da Ação Nacional), não ganhou nenhum dos três Estados disputados e, no ano passado,
perdeu bastante espaço no
Congresso, onde Fox tem
minoria e não consegue ter
seus projetos aprovados.
Segurança pública
Para tentar reverter esse
quadro, a nova investida de
Fox tem sido na segurança
pública, apontada por 39%
dos mexicanos como o principal problema do país.
Acuados por uma onda de
violência, na qual o crime de
seqüestro sobressai, centenas de milhares de mexicanos se vestiram de branco e
saíram às ruas do país na semana passada. Apenas na
capital, governada pelo líder
oposicionista Andrés Manuel López Obrador, ao menos 100 mil pessoas compareceram, no maior protesto
dos últimos dez anos.
Nos últimos dias, Fox tem
falado constantemente sobre o tema. Na última quinta-feira, anunciou um pacote com dez medidas, entre
elas a primeira reunião do
Conselho Nacional de Segurança, ainda neste mês, e o
aumento de verbas contra o
crime em 2005.
Com isso, Fox também
tenta desgastar o esquerdista
López Obrador, favorito para ganhar as eleições presidenciais de 2006 -o mandato no México é de seis
anos, sem reeleição. Os dois
vêm fazendo um jogo de
empurra sobre a questão de
segurança pública no Distrito Federal mexicano.
(FM)
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