DA REUTERS

O precário estado de saúde de Slobodan Milosevic, 62, ex-ditador iugoslavo, fez ontem com que os juízes do tribunal de Haia adiassem o início de sua defesa, que estava marcado para ontem, e questionassem se o maior julgamento europeu de crimes de guerra e de genocídio desde a Segunda Guerra poderia continuar.
O adiamento do início da defesa de Milosevic ocorreu porque os juízes estão preocupados com sua pressão arterial alta e com seus problemas cardíacos. Os juízes disseram que decidirão hoje sobre o pedido da Promotoria para que Milosevic seja obrigado a aceitar a presença de um advogado de defesa no tribunal.
Segundo os promotores, a decisão de Milosevic de defender-se sozinho na corte é prejudicial para sua saúde, visto que o coloca numa situação estressante. O ex-ditador tem uma equipe de advogados de defesa que trabalha nos bastidores, mas não tem aceitado a ajuda dessa equipe.
A pressão alta de Milosevic já provocou vários atrasos em seu julgamento, que teve início em fevereiro de 2002. Ele é acusado de ser responsável por crimes de guerra e contra a humanidade e por genocídio durante as guerras ocorridas nos Bálcãs na década passada, que mataram centenas de milhares de pessoas.
"Chegou a hora de fazer uma revisão radical do julgamento e de sua continuação por conta dos problemas de saúde do réu", afirmou o juiz Patrick Robinson.
Os três juízes responsáveis pelo processo deverão decidir hoje se impõem um advogado de defesa a Milosevic. Anteriormente, o tribunal da ONU se negara a fazê-lo.
Esperava-se que Milosevic desse início à sua defesa ontem com uma declaração de quatro horas, mas isso não ocorreu. Trata-se do julgamento do gênero mais importante desde que líderes nazistas foram julgados, em Nuremberg, depois da Segunda Guerra.
Milosevic, que quer que o ex-presidente dos EUA Bill Clinton (1993-2001) e o premiê britânico, Tony Blair, sejam convocados a testemunhar em Haia, acusou Robinson de pôr em risco sua saúde ao obrigá-lo a comparecer ao tribunal. Ele quer chamar 1.400 pessoas para depor nos 150 dias úteis que deverá durar sua defesa.
O ex-ditador, preso em 2001, disse que sua defesa não poderá começar logo. Zdenko Tomanovic, seu advogado, disse que o julgamento não recomeçará antes do fim de agosto e que Milosevic não aceitará advogado imposto.


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