São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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EUA monitoraram ação, diz militar

No helicóptero onde estavam Ingrid Betancourt e 14 seqüestrados, havia microfones e transmissor

Ministro colombiano nega estrangeiros em operação, mas confirma ajuda dos EUA; Correa diz que "Che se envergonharia" das Farc


DA REDAÇÃO

Um oficial militar americano que falou sob condição de anonimato à agência Associated Press disse que havia, a bordo do helicóptero que resgatou os reféns das Farc na quarta-feira, um transmissor e microfones para que a Operação Xeque fosse monitorada a distância.
"Nenhum estrangeiro participou [da operação]", negou o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos. Ele, no entanto, reconheceu que os EUA forneceram um avião para monitorar a operação, além de equipamentos de rastreamento instalados no helicóptero. Não ficou claro, no entanto, se o avião foi tripulado por americanos ou colombianos.
O ministro, que está em Madri, revelou também que a Operação Xeque foi antecipada em dez dias para não vazar: "Nós a adiantamos ao máximo, pois o risco de que qualquer coisa se infiltrasse era muito grande".
Segundo Santos, os seqüestrados não sofriam risco, mas, sim, a tripulação do helicóptero e os agentes infiltrados. Ele explicou que o vídeo do resgate, divulgado anteontem, foi editado para preservar os agentes.
Já em Paris, a franco-colombiana Ingrid Betancourt negou que Enrique Gafas, seu carcereiro, tenha sido "comprado" -uma rádio suíça divulgou que a Colômbia pagou US$ 20 milhões pela libertação.
"Era um homem de uma crueldade especial", disse ela. "Quando o vi no chão, com punhos e pés atados, a expressão de seu rosto, de sua boca, não era a de alguém "comprado". Ele estava humilhado."
A ex-refém passou ontem por uma bateria de exames. "Há alguns pontos em observação, mas nada alarmante", disse Astrid Betancourt, irmã de Ingrid. Os três americanos resgatados com ela também fizeram exames e estão bem: "Tivemos esperança e rezamos para que chegasse este dia. Agora estamos estupefatos de emoção".

Envergonhado
O presidente do Equador, Rafael Correa, reafirmou ontem que não restabelecerá relações com a Colômbia, rompidas em março quando Bogotá matou o número dois das Farc, Raúl Reyes, com um bombardeio em território equatoriano.
Além disso, Correa disse que a guerrilha é a maior fonte de popularidade para o colombiano Álvaro Uribe. "Se Che Guevara estivesse vivo, morreria de vergonha. Que revolucionário seqüestra gente inocente supostamente para seus fins, por mais nobres que sejam?"


Com agências internacionais


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