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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Vítima trabalhava para a Halliburton

Civil americano é morto em Tikrit; Liga Árabe não reconhece conselho

DA REDAÇÃO

No dia em que os países da Liga Árabe se negaram a reconhecer a legitimidade do Conselho de Governo Iraquiano, empossado pelos EUA, um civil americano foi morto na região de Tikrit -a cidade em que cresceu o ex-ditador Saddam Hussein e uma das áreas mais conturbadas do pós-guerra. O caminhão em que ele viajava passou sobre uma mina.
É o primeiro civil dos EUA a morrer durante a atual operação militar no Iraque, iniciada em 20 de março. Desde então, 248 soldados americanos foram mortos, sendo 53 em ataques no pós-guerra. Já as mortes de civis iraquianos ficam entre 6.086 e 7.797, segundo o site iraqbodycount.net.
O homem, cuja identidade não foi anunciada, estava no país prestando serviços à Kellogg Brown & Root, subsidiária da gigante da exploração petroleira Halliburton -que já foi dirigida pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. Entre os projetos da empresa, que presta assistência em engenharia ao Exército americano, está a reativação do oleoduto que vai do Iraque à Turquia.
Segundo a major Josslyn Aberle, da 4ª Divisão de Infantaria, o caminhão em que o civil viajava fazia parte de um comboio militar. A Kellogg Brown & Root emitiu um comunicado dizendo tratar-se de uma viagem de rotina.
A base americana em Tikrit (norte) -montada em um palácio de Saddam- foi palco de ataques com granadas-foguetes, mas não houve vítimas.
Em Fallujah, a oeste de Bagdá, outro ataque feriu um soldado americano. Na capital, agressores jogaram explosivos na entrada dos hotéis Sheraton e Palestine, também sem deixar vítimas. As três cidades são os vértices do "Triângulo Sunita", região que concentrava simpatizantes do ex-ditador e que hoje é o maior foco de hostilidade à ocupação.
A instabilidade no Iraque levou a companhia aérea holandesa KLM a anunciar ontem a suspensão dos vôos ao país previstos para setembro. Mais de 20 empresas aéreas solicitaram permissão para voar para Bagdá, mas a KLM foi a primeira a aceitar reservas, antes mesmo de obter a autorização. Agora, a KLM remarcou o início dos serviços para 26 de outubro.

Falta de legitimidade
Um dos maiores problemas da ocupação americana -e, segundo especialistas, um ponto a alimentar a resistência- é a demora na transferência de poder aos iraquianos. O Iraque hoje é governado pela Autoridade Provisória da Coalizão (APC), chefiada pelos EUA, e aos iraquianos cabe apenas um papel consultivo no Conselho de Governo Iraquiano.
Mas o conselho, empossado há três semanas pelos EUA, é pouco coeso e tem sua representatividade questionada. No Cairo, países da Liga Árabe afirmaram que não reconhecerão a legitimidade do organismo.
"O conselho é um começo, mas ele deve abrir caminho para um governo legítimo que possa ser reconhecido", disse o secretário-geral da liga, Amr Moussa, após uma cúpula de chanceleres em que foi discutida uma posição conjunta sobre o Iraque.
Com a decisão, permanece vazio o assento do Iraque na liga, que engloba 22 países. O Conselho de Governo Iraquiano não enviou representantes, alegando "não ser bem-vindo" à cúpula.


Com agências internacionais

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