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IRAQUE OCUPADO
Vítima trabalhava para a Halliburton
Civil americano é morto em Tikrit; Liga Árabe não reconhece conselho
DA REDAÇÃO
No dia em que os países da Liga
Árabe se negaram a reconhecer a
legitimidade do Conselho de Governo Iraquiano, empossado pelos EUA, um civil americano foi
morto na região de Tikrit -a cidade em que cresceu o ex-ditador
Saddam Hussein e uma das áreas
mais conturbadas do pós-guerra.
O caminhão em que ele viajava
passou sobre uma mina.
É o primeiro civil dos EUA a
morrer durante a atual operação
militar no Iraque, iniciada em 20
de março. Desde então, 248 soldados americanos foram mortos,
sendo 53 em ataques no pós-guerra. Já as mortes de civis iraquianos
ficam entre 6.086 e 7.797, segundo
o site iraqbodycount.net.
O homem, cuja identidade não
foi anunciada, estava no país
prestando serviços à Kellogg
Brown & Root, subsidiária da gigante da exploração petroleira
Halliburton -que já foi dirigida
pelo vice-presidente dos EUA,
Dick Cheney. Entre os projetos da
empresa, que presta assistência
em engenharia ao Exército americano, está a reativação do oleoduto que vai do Iraque à Turquia.
Segundo a major Josslyn Aberle, da 4ª Divisão de Infantaria, o
caminhão em que o civil viajava
fazia parte de um comboio militar. A Kellogg Brown & Root emitiu um comunicado dizendo tratar-se de uma viagem de rotina.
A base americana em Tikrit
(norte) -montada em um palácio de Saddam- foi palco de ataques com granadas-foguetes, mas
não houve vítimas.
Em Fallujah, a oeste de Bagdá,
outro ataque feriu um soldado
americano. Na capital, agressores
jogaram explosivos na entrada
dos hotéis Sheraton e Palestine,
também sem deixar vítimas. As
três cidades são os vértices do
"Triângulo Sunita", região que
concentrava simpatizantes do ex-ditador e que hoje é o maior foco
de hostilidade à ocupação.
A instabilidade no Iraque levou
a companhia aérea holandesa
KLM a anunciar ontem a suspensão dos vôos ao país previstos para setembro. Mais de 20 empresas
aéreas solicitaram permissão para
voar para Bagdá, mas a KLM foi a
primeira a aceitar reservas, antes
mesmo de obter a autorização.
Agora, a KLM remarcou o início
dos serviços para 26 de outubro.
Falta de legitimidade
Um dos maiores problemas da
ocupação americana -e, segundo especialistas, um ponto a alimentar a resistência- é a demora
na transferência de poder aos iraquianos. O Iraque hoje é governado pela Autoridade Provisória da
Coalizão (APC), chefiada pelos
EUA, e aos iraquianos cabe apenas um papel consultivo no Conselho de Governo Iraquiano.
Mas o conselho, empossado há
três semanas pelos EUA, é pouco
coeso e tem sua representatividade questionada. No Cairo, países
da Liga Árabe afirmaram que não
reconhecerão a legitimidade do
organismo.
"O conselho é um começo, mas
ele deve abrir caminho para um
governo legítimo que possa ser
reconhecido", disse o secretário-geral da liga, Amr Moussa, após
uma cúpula de chanceleres em
que foi discutida uma posição
conjunta sobre o Iraque.
Com a decisão, permanece vazio o assento do Iraque na liga,
que engloba 22 países. O Conselho de Governo Iraquiano não enviou representantes, alegando
"não ser bem-vindo" à cúpula.
Com agências internacionais
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