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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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Pressão sobre Síria deve crescer

DA REUTERS

O ataque de Israel contra a Síria ontem é um dos avisos mais contundentes ao presidente sírio Bashar al Assad para que passe a cooperar com Israel e com os EUA e reduza a presença de militantes em áreas palestinas e no Iraque.
Considerando a superioridade militar israelense, uma resposta na mesma moeda da Síria é quase impossível. Para enfrentar o desafio crescente de conviver com os vizinhos ao sul (Israel) e a leste (Iraque), a principal ferramenta de Assad é a diplomacia.
Os EUA querem que a Síria faça mais do que limitar o fluxo de militantes muçulmanos que cruzam as fronteiras com o Iraque. Washington culpa os "terroristas estrangeiros" e considera que eles desempenham papel-chave nos ataques contra soldados americanos no pós-guerra no Iraque.
Já Israel exige que o governo de Damasco pare de apoiar grupos militantes palestinos e a guerrilha extremista libanesa Hizbollah.
Walid Moubarak, cientista político que mora em Beirute, disse que, ao atacar a Síria, Israel estaria tentando provar que combate o mesmo inimigo dos americanos.
"Os israelenses estão tentando associar sua estratégia com a dos americanos de combater o terrorismo, aumentando pressão sobre a Síria", disse Moubarak.
"O ataque [de Israel] vem seguido de um processo para aumentar a pressão da Síria para cooperar mais com Israel e com os EUA, para que se livre dos militantes palestinos e acabe com o fluxo de muçulmanos "terroristas" da Síria e do Iraque", disse.
O Exército israelense afirmou ter atacado uma base próxima a Damasco, usada por grupo militantes, incluindo o Jihad Islâmico, que assumiu a autoria do atentado suicida que matou pelo menos 19 pessoas num restaurante em Haifa, norte de Israel, anteontem.
Para os analistas, a relação entre os países entra numa nova fase.
"Nada pode ser feito para impedir que Israel atinja alvos sírios ou palestinos na Síria", disse o professor de ciência política Farid al Khazen, da Universidade Americana de Beirute.
Imad al Shuaibi, analista político sírio, disse que seu país não abandonará grupos palestinos antiisraelenses. "A mensagem de Israel para a Síria é que Damasco pagará por qualquer coisa que acontecer em Israel."


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