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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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"TOTAL RECALL"

Pesquisa mostra queda de quatro pontos percentuais do ator; 15 mulheres se queixaram de seu comportamento

Assédio sexual tira votos de Schwarzenegger

CÍNTIA CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Apesar de permanecer à frente das pesquisas, as recentes acusações de assédio sexual envolvendo o candidato republicano Arnold Schwarzenegger parecem ter afetado seu desempenho eleitoral.
Em matéria publicada ontem pelo jornal "Los Angeles Times", mais quatro mulheres acusaram o ator de ter um comportamento sexual inadequado. Elizabeth Rothner, 45, disse que Schwarzenegger levantou sua blusa e exibiu seus seios a vários homens presentes num bar na Califórnia, em 1979. Ao todo, 15 mulheres foram a público com queixas semelhantes contra o ator nos últimos dias.
Essas acusações parecem causar impacto na opinião do eleitorado. Pesquisa divulgada ontem pela televisão MSNBC mostra que Schwarzenegger tem 36% das intenções de voto. O resultado indica uma queda de quatro pontos percentuais em comparação com sondagem feita pelo jornal "Los Angeles Times" há uma semana.
O segundo colocado, o vice-governador democrata, Cruz Bustamante, ficou com 29% da preferência do eleitorado. Uma alta de quatro pontos percentuais em relação à pesquisa do "Times".
Entre os eleitores, existe um misto de ceticismo com relação às acusações que pesam contra Schwarzenegger e de desconfiança. Sondagem informal realizada ontem pela rede de televisão CNN mostra que 54% dos telespectadores mudaram a opinião com relação ao ator-candidato depois que as notícias de assédio sexual começaram a circular.
Nas ruas de Los Angeles, porém, Schwarzenegger continua bem cotado. Um exemplo é o vendedor Jonh Dabasinskas, 40. Para ele, o recente imbróglio sexual com o ator é uma "armadilha da imprensa liberal". "Não acredito nessas acusações. Por que só apareceram agora? Eu prefiro acreditar em Schwarzenegger", disse.
Quanto ao atual governador Gray Davis, ele aproveita o momento de fragilidade de Schwarzenegger para atacar. "Essas acusações nos levam a questionar se ele tem capacidade para governar a Califórnia", disse Davis num discurso em San Diego.
A ofensiva visa a cooptar o eleitorado e garantir sua permanência no cargo. A mesma sondagem da MSNBC mostra que 54% dos eleitores querem a saída de Davis e 41% estariam dispostos a apoiar a sua permanência.
A pesquisa tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo e ouviu mil eleitores entre quarta-feira e sábado.

Peso republicano
A despeito da confusão com o ator, figuras de peso do partido republicano entraram na campanha na reta final. O ex-prefeito de Nova York Rudolf Giuliani se juntou a um comício do "tour" rodoviário do ator. No último final de semana, o senador republicano John McCain, da ala mais conservadora do partido, também anunciou publicamente apoio à candidatura de Schwarzenegger.
Para Karen Kauffman, professora de política da Universidade de Maryland, o ingresso de republicanos influentes na disputa não significa uma aceitação nacional de Schwarzenegger. "Eu não acredito que uma eventual vitória de Schwarzenegger tenha ramificações nacionais no partido. Ele nunca foi um membro ativo. Ele nem é um eleitor regular", disse.


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