DA ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

"Por que não eu?", perguntam. Essa parece ter sido a motivação de boa parte dos 135 candidatos que decidiram concorrer à vaga de governador da Califórnia no "recall" de 7 de outubro.
Uma atriz pornô, um ex-ator infantil e um veterano da guerra do Vietnã que foi preso por ter cultivado maconha ilegalmente são alguns dos nomes que estarão nas cédulas dessa disputa estadual.
O ponto em comum entre a maioria desses candidatos é que, embora nenhum deles tenha experiência política, a vontade de aparecer e passar alguns dias em evidência é grande. Seja para alavancar (ou reativar) a carreira, seja para divulgar uma mensagem pessoal de descontentamento com o "sistema".
"Numa eleição normal, as oportunidades de aparecer são muito restritas. Como o processo eleitoral desse "recall" tem um caráter excepcional, é natural que haja essa corrida para se candidatar", avaliou Thomas Patterson, especialista em mídia e governo da Universidade de Harvard.
Para a cientista política Stephanie Larson, essa pulverização de candidatos é reflexo da fraqueza dos partidos políticos nos EUA. Entretanto os perfis diversificados dos concorrentes têm um lado positivo.
"A entrada de celebridades na disputa política pode trazer discussões mais relevantes que a que vemos entre os políticos tradicionais", afirmou.
Além da atração pelos holofotes, a avalanche de candidaturas também é impulsionada pela facilidade para se inscrever nesse processo eleitoral. Para se tornar candidato, bastava recolher 65 assinaturas e pagar taxa de inscrição de US$ 3.500.
Esse "recall" também tem a peculiaridade de dispensar eleições primárias internas dos partidos. Patterson diz que essa facilidade distorce o processo eleitoral, pois a legislação do "recall" foi criada no início do século passado.
A atriz de filmes pornográficos Mary Carey é outra que tira proveito da recente notoriedade alcançada com a sua candidatura. Segundo a assessoria de campanha da atriz, composta por membros da produtora de vídeos de Carey, houve um aumento expressivo das vendas de filmes da atriz nas últimas semanas.
Já B.E. Smith, 56, afirma que não quer chamar atenção para motivos individuais e que tem propostas concretas para resolver os problemas da Califórnia.
"Eu vou renegociar todos os contratos do setor elétrico", disse à Folha. A sua principal plataforma de campanha, entretanto, é a liberação do cultivo e do uso de maconha para fins medicinais. Smith ficou preso entre 1997 e 1999 por plantar mudas de maconha em casa.
Com a candidatura patrocinada pelo jornal californiano "East Bay Express", o ex-ator infantil Gary Coleman foi um dos primeiros nomes a se candidatar.
"Pensei que era uma piada. Aí eu pensei, por que não?", declarou Coleman em recente entrevista à CNN. Publicamente, Coleman anunciou que não votará em si mesmo, mas em Arnold Schwarzenegger.


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