São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Presidente anuncia, de forma inesperada, que fará pronunciamento à nação sobre terrorismo e economia

Sob pressão, Bush decide falar hoje na TV

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

De forma inesperada, o presidente George W. Bush marcou para hoje um pronunciamento na Casa Branca onde discorrerá sobre "tópicos importantes" da agenda de segurança e de assuntos internos dos EUA.
Bush cancelou sua agenda de campanha para o discurso. "O presidente falará sobre as prioridades de nosso país: a guerra contra o terror e a economia", afirmou o porta-voz Scott McClellan.
O pronunciamento ocorre uma semana depois de o presidente ter tido um desempenho considerado no mínimo insatisfatório no primeiro de uma série de três debates na TV contra John Kerry.
Várias pesquisas mostraram que o senador democrata venceu o debate, assistido por 62 milhões de americanos. Após o evento, Kerry voltou a subir nas pesquisas e retornou a uma situação de empate técnico com o presidente.
Bush também volta ao centro das atenções dois dias antes do segundo debate presidencial, que ocorrerá na sexta e que deve ficar mais concentrado em assuntos de interesse interno dos EUA.
No evento de sexta, os dois candidatos terão de responder a perguntas feitas por cidadãos comuns, o que tende a amenizar o clima de confronto entre os dois.
Ao se concentrar hoje em assuntos relacionados ao terror e à economia, Bush falará sobre os dois pontos que considera mais fortes em sua administração.
Mesmo tendo criado menos empregos do que o esperado, a economia dos EUA está em franca recuperação em 2004, devendo crescer mais de 4% este ano.
Na área do combate ao terror, Bush vem afirmando que mais de dois terços dos líderes da Al Qaeda foram mortos ou presos.
Mesmo com todos os problemas e críticas em relação ao Iraque, o presidente continua firme na defesa de que a invasão do país foi um passo importante na guerra global contra o terror.
O pronunciamento presidencial também ocorre no dia seguinte à realização do debate entre os candidatos a vice-presidente, que estava previsto para ontem à noite.
A expectativa era que o democrata John Edwards, vice de Kerry, também tivesse um desempenho bastante superior ao do republicano Dick Cheney.
Advogado de sucesso em causas populistas e milionárias, Edwards, 51, é considerado excelente orador e já foi eleito pela revista "People" como "o político mais sexy dos EUA".
Ex-presidente da empresa Halliburton, dona dos maiores e mais controversos contratos dos EUA no Iraque, Cheney, 63, é tido como um "político das sombras" por sua relutância em aparecer em eventos de campanha.
Ontem, antes do debate, tanto Kerry quando Edwards avisaram que iriam "cobrar explicações" de Cheney sobre suas ligações com a Halliburton e os contratos da empresa no Iraque.
Cheney sempre defendeu, apesar de provas em contrário, que o ex-ditador Saddam Hussein tivesse relações com a rede terrorista Al Qaeda e que abrigava terroristas no Iraque.
A expectativa era que o debate entre os vices, em Cleveland, Ohio, atraísse um número bem menor de telespectadores em comparação ao evento entre Bush e Kerry -especialmente por causa do início da temporada de jogos de beisebol no país.
Em 2000, o debate entre os candidatos a vice foi visto por 28 milhões de norte-americanos.


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