São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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ÁSIA

Taleban mata ao menos 12 pelo país

Karzai reúne 10 mil em comício fora de Cabul

Ahmad Masood/Reuters
Simpatizantes participam de comício do presidente afegão, Hamid Karzai, em Ghazni (sudeste)


DA REDAÇÃO

Cercado por seguranças americanos e protegido por franco-atiradores, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, reuniu ontem 10 mil pessoas em seu único comício fora da capital, Cabul.
Foi também o primeiro ato de campanha do presidente, que tenta ser eleito nas primeiras eleições diretas no Afeganistão, previstas para o próximo sábado, após ter sofrido uma tentativa de assassinato há três semanas, em viagem à cidade de Gardez (sudeste).
"Essa eleição não é somente para escolher um presidente, mas pela paz e pela estabilidade no Afeganistão", disse Karzai ontem, em Ghazni, (sudeste), enquanto soldados apontavam fuzis contra a multidão e helicópteros patrulhavam o local.
"Em vez de lutar, estamos fazendo campanhas eleitorais. Devemos estar orgulhosos de termos finalmente liberdade", afirmou.
Enquanto Karzai discursava, porém, pelo menos 12 pessoas morreram em decorrência da explosão de minas terrestres em dois incidentes distintos, nas Províncias de Candahar e de Zabul, no sul do país. Ao menos 7 dos mortos eram policiais afegãos.
O Taleban, milícia que governava o país e foi deposta por uma coalizão militar liderada pelos EUA em 2001, assumiu a autoria do ataque em Zabul.
O grupo também havia assumido o atentado contra Karzai, no qual o helicóptero militar em que ele estava quase foi atingido por uma granada-foguete ao aterrissar em Gardez. A viagem foi imediatamente cancelada.
Apoiado pelo presidente dos EUA, George W. Bush, Karzai é o favorito para ganhar a eleição de sábado. Há outros 18 candidatos na disputa. O segundo turno, se houver, será em novembro.
Também fizeram campanha ontem os principais rivais de Karzai. Yunus Qanuni, ex-ministro da Educação, reuniu 4.000 em estádio em Cabul. Na cidade de Mazar-e-Sharif (norte), 2.000 acompanharam comício do senhor da guerra e general uzbeque Abdul Rashid Dostum.
Episódios de violência restringiram os atos de campanha quase totalmente à capital e têm sido o principal obstáculo para a votação no Afeganistão, a qual cogitou-se adiar.
Ontem, uma operação conjunta de militares e policiais afegãos na Província de Uruzgan (sul) matou sete supostos membros do Taleban suspeitos de preparar ataques para o dia das eleições. Outros cinco foram presos.
A população afegã tem medo, mas muitos manifestam esperança. "Este é um tempo histórico no Afeganistão", disse o afegão Lima Azimi. "Estou muito feliz que teremos a chance de sair lado a lado com nossos irmãos e eleger nosso presidente e nosso futuro."
Mais de 10,5 milhões de pessoas, numa população de 28 milhões, se registraram para votar.

Com agências internacionais

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