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Detenção de suposta rainha das drogas fascina os mexicanos
Sandra Ávila, que uniu cartéis de México e Colômbia, pode ser extraditada
OLGA R. RODRÍGUEZ
DA ASSOCIATED PRESS, NA CIDADE DO
MÉXICO
Charmosa e muito bonita,
Sandra Ávila Beltrán está fascinando o México. Não como
vencedora de um concurso de
beleza, mas como suposta rainha das drogas, e a história de
sua detenção e possível extradição aos EUA vem sendo
acompanhada com mais atenção do que qualquer novela.
A polícia afirma que Ávila,
46, uma beldade de cabelos negros, dedicou mais de uma década à sua escalada ao comando
do tráfico de drogas mexicano,
dominado pelos homens, e que
para isso ela promoveu a união
entre quadrilhas mexicanas e
colombianas. Apelidada de
"Rainha do Pacífico", ela se tornou tema de uma canção folclórica do gênero "narcocorrido".
Gravada pela banda Tucanes de
Tijuana, a canção homenageia
Ávila como "grande dama que
desempenha papel fundamental no negócio".
Desde sua detenção na semana passada, a canção vem sendo
executada com freqüência nas
rádios mexicanas, e as estações
de TV não se cansam de reprisar um vídeo no qual, afetando
timidez, ela diz à polícia que é
apenas uma dona-de-casa e
empresária. O vídeo havia sido
assistido 40 mil vezes no YouTube até a quinta-feira.
Ávila levava uma vida discreta nas cidades de Guadalajara e
Hermosillo, no norte do país,
até 2001. Foi então que a polícia encontrou mais de nove toneladas de cocaína em um navio atracado no porto de Manzanillo, na costa do Pacífico, e
descobriu que o embarque pertencia a ela e seu amante, Juan
Diego Espinoza Ramírez, 39,
conhecido como "o Tigre".
Foi o romance entre ela e Espinoza que reuniu as duas mais
poderosas organizações de tráfico de cocaína, a quadrilha Sinaloa, do México, e o cartel colombiano Norte del Valle, de
acordo com as autoridades.
Funcionários do governo
mexicano dizem que Ávila era a
diretora de "relações públicas"
do cartel de Sinaloa e que, como
parte de seu trabalho, ajudava a
transportar cocaína da Colômbia para o país. Ela é sobrinha
de Miguel Ángel Félix Gallardo,
que cumpre sentença de 40
anos no México por contrabando de drogas e pelo assassinato
de Enrique Camarena, agente
da Agência de Combate às Drogas (DEA) dos EUA.
Ávila conseguiu se manter
nos bastidores até 2001. Poucos meses depois da apreensão
da carga de cocaína, seu filho
adolescente foi seqüestrado em
Guadalajara, e ela procurou as
autoridades em busca de ajuda.
A dimensão do resgate solicitado (US$ 5 milhões) causou
mais suspeitas às autoridades.
Ávila foi detida em uma operação envolvendo mais de 30
agentes federais, em 28 de setembro, enquanto tomava um
café em uma lanchonete, mas
não perdeu a pose. Conseguiu
convencer os investigadores a
deixá-la aplicar maquiagem antes que a polícia registrasse em
vídeo sua transferência para
uma penitenciária feminina.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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