São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Detenção de suposta rainha das drogas fascina os mexicanos

Sandra Ávila, que uniu cartéis de México e Colômbia, pode ser extraditada

OLGA R. RODRÍGUEZ
DA ASSOCIATED PRESS, NA CIDADE DO MÉXICO

Charmosa e muito bonita, Sandra Ávila Beltrán está fascinando o México. Não como vencedora de um concurso de beleza, mas como suposta rainha das drogas, e a história de sua detenção e possível extradição aos EUA vem sendo acompanhada com mais atenção do que qualquer novela.
A polícia afirma que Ávila, 46, uma beldade de cabelos negros, dedicou mais de uma década à sua escalada ao comando do tráfico de drogas mexicano, dominado pelos homens, e que para isso ela promoveu a união entre quadrilhas mexicanas e colombianas. Apelidada de "Rainha do Pacífico", ela se tornou tema de uma canção folclórica do gênero "narcocorrido". Gravada pela banda Tucanes de Tijuana, a canção homenageia Ávila como "grande dama que desempenha papel fundamental no negócio".
Desde sua detenção na semana passada, a canção vem sendo executada com freqüência nas rádios mexicanas, e as estações de TV não se cansam de reprisar um vídeo no qual, afetando timidez, ela diz à polícia que é apenas uma dona-de-casa e empresária. O vídeo havia sido assistido 40 mil vezes no YouTube até a quinta-feira.
Ávila levava uma vida discreta nas cidades de Guadalajara e Hermosillo, no norte do país, até 2001. Foi então que a polícia encontrou mais de nove toneladas de cocaína em um navio atracado no porto de Manzanillo, na costa do Pacífico, e descobriu que o embarque pertencia a ela e seu amante, Juan Diego Espinoza Ramírez, 39, conhecido como "o Tigre".
Foi o romance entre ela e Espinoza que reuniu as duas mais poderosas organizações de tráfico de cocaína, a quadrilha Sinaloa, do México, e o cartel colombiano Norte del Valle, de acordo com as autoridades.
Funcionários do governo mexicano dizem que Ávila era a diretora de "relações públicas" do cartel de Sinaloa e que, como parte de seu trabalho, ajudava a transportar cocaína da Colômbia para o país. Ela é sobrinha de Miguel Ángel Félix Gallardo, que cumpre sentença de 40 anos no México por contrabando de drogas e pelo assassinato de Enrique Camarena, agente da Agência de Combate às Drogas (DEA) dos EUA.
Ávila conseguiu se manter nos bastidores até 2001. Poucos meses depois da apreensão da carga de cocaína, seu filho adolescente foi seqüestrado em Guadalajara, e ela procurou as autoridades em busca de ajuda. A dimensão do resgate solicitado (US$ 5 milhões) causou mais suspeitas às autoridades.
Ávila foi detida em uma operação envolvendo mais de 30 agentes federais, em 28 de setembro, enquanto tomava um café em uma lanchonete, mas não perdeu a pose. Conseguiu convencer os investigadores a deixá-la aplicar maquiagem antes que a polícia registrasse em vídeo sua transferência para uma penitenciária feminina.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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