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ELEIÇÕES 2004
Em debate na TV, 2 pré-candidatos favoritos dizem que usaram a droga; republicanos e Bush mostram força
Democratas admitem já terem fumado maconha
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Dois entre os três pré-candidatos democratas com maiores
chances de obter a candidatura
presidencial no pleito de 2004 admitiram publicamente ontem ter
fumado maconha.
Howard Dean, ex-governador
de Vermont e líder nas pesquisas
entre os democratas, e John
Kerry, senador por Massachusetts, disseram em debate ao vivo
na MTV já terem usado a droga.
O terceiro pré-candidato tido
como um dos favoritos para a nomeação do Partido Democrata, o
general da reserva Wesley Clark,
respondeu que "jamais" fumou
maconha.
Na campanha de 1992, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001),
cunhou a famosa frase "fumei
mas não traguei" ao ser questionado sobre o tema -um tabu na
política americana.
O sexto debate entre os democratas em dois meses mostrou
que o partido continua completamente dividido e autofágico.
Durante todo o evento, praticamente não houve ataques ao principal adversário de todos os presentes, o presidente George W.
Bush (republicano).
Mesmo a situação americana no
Iraque teve papel secundário. A
economia, em forte recuperação e
anteriormente considerada o
ponto fraco de Bush, sequer foi
mencionada no debate.
O líder Dean, com 17% das intenções de voto para a nomeação
democrata, foi atacado por todos
os outros sete pré-candidatos.
Há alguns dias, tentando conquistar eleitores do sul dos EUA,
Dean disse que era ""o candidato
dos rapazes que têm a bandeira
dos Estados Confederados em
suas caminhonetes".
Dean foi massacrado no debate
por causa da frase, considerada
racista. Dean não se desculpou.
Liderados pela Carolina do Sul
antes da Guerra da Secessão
(1861-1865), os Estados Confederados escravocratas tinham como
símbolo uma bandeira com um X
citada por Dean.
Em sua origem, o símbolo representa a forma da cruz na qual
teria sido crucificado o apóstolo
André, mas a bandeira foi adotada pela organização racista Ku
Klux Klan desde a sua fundação,
em 1865.
O esforço de Dean e de outros
democratas para conquistar eleitores no sul dos EUA, no entanto,
sofreu forte revés nesta semana.
O Partido Republicano elegeu
dois governadores nos Estados do
Mississipi e do Kentucky, que há
32 anos não tinha um governador
do partido de Bush.
Pesquisa divulgada ontem pelo
Pew Research Center também
mostrou um avanço do eleitorado
que se diz republicano em Estados importantes como Flórida,
Tennesse e Arkansas. A postura
de Bush após os atentados do 11
de Setembro foi considerada determinante para a ampliação do
eleitorado de seu partido.
No campo democrata, Howard
Dean vem se mostrando cada vez
mais viável e competitivo, apesar
dos ataques constantes.
Estimulado por sua boa performance na arrecadação de fundos,
Dean está considerando agora rejeitar o financiamento público para a sua campanha.
Candidatos que aceitam o financiamento público nos EUA
recebem da Justiça Eleitoral
quantias iguais às obtidas de pessoas físicas até um limite de US$
250. No geral, no entanto, os candidatos têm de respeitar um teto
de US$ 45 milhões nos gastos.
Com US$ 25 milhões em caixa,
Dean acredita que poderá superar
o teto da Justiça Eleitoral apenas
com contribuições privadas.
Bush, que também optou por
não receber fundos de campanha
públicos para a eleição de 2004
(ele fez o mesmo em 2000) já arrecadou mais de US$ 90 milhões até
agora.
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