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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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ELEIÇÕES 2004

Em debate na TV, 2 pré-candidatos favoritos dizem que usaram a droga; republicanos e Bush mostram força

Democratas admitem já terem fumado maconha

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Dois entre os três pré-candidatos democratas com maiores chances de obter a candidatura presidencial no pleito de 2004 admitiram publicamente ontem ter fumado maconha.
Howard Dean, ex-governador de Vermont e líder nas pesquisas entre os democratas, e John Kerry, senador por Massachusetts, disseram em debate ao vivo na MTV já terem usado a droga.
O terceiro pré-candidato tido como um dos favoritos para a nomeação do Partido Democrata, o general da reserva Wesley Clark, respondeu que "jamais" fumou maconha.
Na campanha de 1992, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), cunhou a famosa frase "fumei mas não traguei" ao ser questionado sobre o tema -um tabu na política americana.
O sexto debate entre os democratas em dois meses mostrou que o partido continua completamente dividido e autofágico.
Durante todo o evento, praticamente não houve ataques ao principal adversário de todos os presentes, o presidente George W. Bush (republicano).
Mesmo a situação americana no Iraque teve papel secundário. A economia, em forte recuperação e anteriormente considerada o ponto fraco de Bush, sequer foi mencionada no debate.
O líder Dean, com 17% das intenções de voto para a nomeação democrata, foi atacado por todos os outros sete pré-candidatos.
Há alguns dias, tentando conquistar eleitores do sul dos EUA, Dean disse que era ""o candidato dos rapazes que têm a bandeira dos Estados Confederados em suas caminhonetes".
Dean foi massacrado no debate por causa da frase, considerada racista. Dean não se desculpou.
Liderados pela Carolina do Sul antes da Guerra da Secessão (1861-1865), os Estados Confederados escravocratas tinham como símbolo uma bandeira com um X citada por Dean.
Em sua origem, o símbolo representa a forma da cruz na qual teria sido crucificado o apóstolo André, mas a bandeira foi adotada pela organização racista Ku Klux Klan desde a sua fundação, em 1865.
O esforço de Dean e de outros democratas para conquistar eleitores no sul dos EUA, no entanto, sofreu forte revés nesta semana.
O Partido Republicano elegeu dois governadores nos Estados do Mississipi e do Kentucky, que há 32 anos não tinha um governador do partido de Bush.
Pesquisa divulgada ontem pelo Pew Research Center também mostrou um avanço do eleitorado que se diz republicano em Estados importantes como Flórida, Tennesse e Arkansas. A postura de Bush após os atentados do 11 de Setembro foi considerada determinante para a ampliação do eleitorado de seu partido.
No campo democrata, Howard Dean vem se mostrando cada vez mais viável e competitivo, apesar dos ataques constantes.
Estimulado por sua boa performance na arrecadação de fundos, Dean está considerando agora rejeitar o financiamento público para a sua campanha.
Candidatos que aceitam o financiamento público nos EUA recebem da Justiça Eleitoral quantias iguais às obtidas de pessoas físicas até um limite de US$ 250. No geral, no entanto, os candidatos têm de respeitar um teto de US$ 45 milhões nos gastos.
Com US$ 25 milhões em caixa, Dean acredita que poderá superar o teto da Justiça Eleitoral apenas com contribuições privadas.
Bush, que também optou por não receber fundos de campanha públicos para a eleição de 2004 (ele fez o mesmo em 2000) já arrecadou mais de US$ 90 milhões até agora.


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