DA REPORTAGEM LOCAL

Você sabe que a situação não é das melhores quando seu chefe bate recorde histórico de classificação negativa quanto à ética nas pesquisas de opinião (67% para George W. Bush, segundo levantamento da ABC News/"The Washington Post" divulgado na sexta-feira passada), seu emprego anda a perigo e você mesmo é tema de uma música batizada "Guantánamo".
Essa é a situação de Karl Rove, 54, principal assessor político e braço direito do presidente George W. Bush. Rove, que já foi tema de documentário com o título nada sutil de "Bush's Brain" (o cérebro de Bush, de 2004) e é considerado a eminência parda na vitória do republicano nas eleições, pode estar envolvido no "Plamegate".
Valerie Plame é a agente da CIA cujo nome foi revelado a jornalistas, crime federal que rendeu um processo, conduzido pelo promotor especial Patrick Fitzgerald. É casada com um diplomata que se opôs à decisão de Bush de invadir o Iraque e escreveu artigos criticando um dos argumentos para a invasão americana (leia texto nesta página).
Lewis "Scooter" Libby revelou o nome de Plame a jornalistas; pode ter agido a mando de seu chefe direto, Dick Cheney, ou a mando de Rove, que pode ter agido a mando de seu chefe direto, Bush... O primeiro já foi defenestrado da Casa Branca. O segundo pode seguir caminho semelhante para salvar os dois nomes principais.
Desde que o caso veio à tona, pululam na rede sites anti-Rove. Talvez o mais bem-feito e informado seja o irônico I Love Karl Rove (www.ilovekarlrove.com). Mas o primeiro a compor e dedicar uma música a ele é o misterioso Ice Cream Headache.
Trata-se de "Guantánamo", uma referência à prisão mantida pelos EUA em sua base militar na ilha cubana, onde está concentrada a uma parte dos suspeitos de terrorismo e que sofre repetidas acusações de violações dos direitos humanos -segundo relatório recente da ONU, há hoje ao menos 26 presos em greve de fome e ocorreram dezenas de suicídios ou mortes nos últimos meses ali.
O refrão da música diz: "Eu não quero ir para Guantánamo!/ Eles têm cães de guarda/ e Karl Rove em Guantánamo!". A Folha tentou entrar em contato com os membros da banda por meio do único e-mail do site, que não traz mais nenhuma informação, mas não obteve resposta. (SD)