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Queda de avião mata ministro mexicano
Juan Camilo Mouriño era número 2 do governo; razões não estão esclarecidas, e hipótese de atentado não está descartada
DOUGLAS DUARTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA CIDADE
DO MÉXICO
O México foi forçado a desviar sua atenção da vitória do
democrata Barack Obama na
noite de anteontem, quando
um jatinho do governo federal
caiu a poucos metros de um dos
principais cruzamentos da capital do país, matando o secretário de governo (Casa Civil)
Juan Camilo Mouriño, braço
direito do presidente Felipe
Calderón, além de uma peça-chave no combate ao crime organizado, e o secretário para a
reforma da Segurança, José
Luís Santiago Vasconcelos.
Até o momento foram confirmadas mais 12 mortes, seis delas de pessoas que estavam no
lugar do desastre, e 12 feridos
com queimaduras graves. Não
há confirmação sobre as razões
da queda; a hipótese de um
atentado não está descartada.
O avião se espatifou pouco
depois das seis da tarde numa
zona movimentada e luxuosa
da Cidade do México, as Lomas
de Chapultepec, próximo ao
entroncamento entre o Paseo
de la Reforma e o Anel Periférico, ambos coalhados de automóveis na hora do rush. Ao cair,
o avião explodiu, incendiando
trinta carros e rompendo os vidros de diversos prédios. A queda agravou o trânsito já habitualmente caótico da capital.
Mouriño era o número dois
do governo federal, assessor
mais próximo e amigo pessoal
de Calderón. Com apenas 37
anos, era um dos cotados pelo
Partido da Ação Nacional para
a sucessão de 2012 e o principal
articulador no governo da reforma do setor petroleiro. Sua
segunda pauta era a segurança.
Desde a posse de Calderón,
em 2006, as estatísticas de assassinatos e seqüestros dispararam graças, segundo o governo, a uma política de enfrentamento. Mouriño e Santiago
Vasconcelos eram os principais
funcionários federais envolvidos no combate ao crime.
O governo informou que o
avião voava em rota e altitude
normais, ainda que excessivamente próximo de outras aeronaves. Ficou a apenas 4,5 km de
um Boeing 767 minutos antes
da queda, quando o normal é
6,5 km. Não houve nenhum aviso de emergência para a torre.
Especula-se que o piloto estivesse buscando refúgio da turbulência gerada pelo Boeing ou
um ponto para um pouso forçado nos Bosques de Chapultepec, vizinho ao ponto de impacto. Peritos afirmam que sabotagens geralmente deixam um
rastro de destroços até o ponto
da queda. Nesse caso, o avião
caiu inteiro, despedaçando-se
apenas no chão.
O governo tem se esquivado
das fortes especulações de que
a aeronave foi alvo de uma sabotagem por parte dos "zetas",
como são chamados os membros do Cartel do Golfo do México. Não seria o primeiro atentado contra Santiago nem a primeira ação terrorista do cartel.
Os "zetas" são acusados pelo
ataque do dia 15 de setembro
em Morelia, capital do Estado
de Michoacán, em meio às festas da independência. Duas
granadas foram detonadas na
praça principal, matando oito
pessoas e ferindo mais de 150.
Já Santiago foi alvo de inúmeros atentados na época em
que era o czar do combate às
drogas e sub-procurador geral
da República, responsável por
mais de uma centena de extradições de "capos" aos EUA. Teve a cabeça posta a prêmio: nada menos que US$ 5 milhões.
A estratégia do governo no
momento é levar "zetas" e
membros dos cartéis de Sinaloa
e de Juárez à extinção mútua.
Das mais de 4.600 mortes registradas esse ano, estima-se
que perto de 4.000 sejam de
soldados dos cartéis.
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