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Prazo em Honduras deve terminar sem acordo ou votação
Micheletti e Zelaya divergem na fórmula para o governo de unidade; granada atinge rádio pró-golpe e deixa dois feridos
Acordo mediado pelos EUA há uma semana previa que gabinete de unidade fosse formado ontem; Congresso não marca votação de pacto
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
No último dia do prazo acordado para a instalação de um
"governo de unidade e reconciliação nacional", o Congresso
hondurenho não se reuniu nem
fixou uma data para votar a restituição do presidente deposto
Manuel Zelaya.
A indefinição do Parlamento,
a ocorrência de dois atentados
em Tegucigalpa e o fracasso, até
o final da tarde, das negociações para uma fórmula alternativa para conformar um governo de unidade voltaram a elevar a tensão política em Honduras. Para piorar, o país se
preparava para a chegada de
uma tormenta tropical.
Aliado de Micheletti, o presidente do Congresso hondurenho, José Angel Saavedra, disse
que "não haverá [medidas] dilatórias nem evasão da responsabilidade histórica" de votar
sobre a restituição de Zelaya,
mas se negou falar sobre datas.
Na terça, a mesa diretora do
Congresso, majoritariamente
pró-Micheletti, pediu pareceres sobre a restituição à Suprema Corte, ao Ministério Público e à Procuradoria-Geral da
República, o que era facultativo
pelo acordo assinado na sexta.
Nenhuma das instâncias respondeu até ontem.
Com a indefinição, alguns
dos simpatizantes de Zelaya lotaram a pequena praça diante
do Congresso para exigir a sua
restituição, sob forte vigilância.
Na mesa de negociações, Zelaya rechaçou ontem contraproposta pela qual Micheletti
renunciaria, e o gabinete do governo de unidade seria nomeado pelo Congresso, antes de votar a restituição do deposto.
Anteontem, Zelaya havia
concordado em criar um governo de unidade com o ministro
de Governo à frente, mas desde
que este fosse atrelado à sua
posterior restituição, proposta
vetada por Micheletti.
"O Congresso tem de retroceder os Poderes para como estava em 28 de junho [dia da deposição de Zelaya] para que o
presidente possa nomear esse
gabinete, que terá ministros do
governo de facto", disse Rasel
Tomé, assessor político também abrigado na embaixada
brasileira, de onde o presidente
deposto não sai há 46 dias.
"Se não houver decisão até a
meia-noite, tomaremos nossas
decisões", disse Tomé.
Pelo acordo assinado na sexta com intermediação dos EUA,
a volta de Zelaya depende da
aprovação do Congresso -mas
texto não fixa prazo para a votação. Já o governo de unidade
teria de ser formado até ontem.
O impasse continua a pouco
mais de três semanas da eleição
presidencial do dia 29. Respaldado por países como Brasil,
Argentina e Venezuela, Zelaya
ameaça não reconhecê-la se
não for restituído antes.
Em meio ao recrudescimento do impasse político, Tegucigalpa registrou dois atentados.
No mais grave, uma granada
explodiu anteontem à noite no
teto da rádio pró-Micheletti
HRN, uma das mais importantes de Honduras. A explosão
abriu um rombo em cima da sala de áudio do estúdio e feriu levemente dois funcionários.
Ontem, uma bomba caseira
estourou num banheiro público no centro da capital, provocando apenas danos materiais.
Além do terremoto político,
Honduras terá de lidar com a
tormenta tropical Ida, que deve
chegar até amanhã, provocando fortes tempestades no país.
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