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foco
Tom da pele de Obama varia conforme ideologia de quem a vê, diz estudo
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Liberais e conservadores
discordam de quase tudo
quando o assunto é a política
do presidente Barack Obama.
Uma pesquisa conduzida pelas
universidades de Chicago, Nova York e Tilburg (na Holanda)
mostra que divergem até mesmo quando o assunto é a cor da
pele do presidente.
O estudo mostra que a visão
política do eleitor pode mudar
a percepção visual do tom da
pele do candidato. A maneira
como o eleitor enxerga o candidato está diretamente ligada
à intenção de voto. Na prática,
a pesquisa indica que as pessoas identificam um tom de
pele mais claro como mais representativo de um candidato
com quem têm afinidades.
A pesquisa foi conduzida no
ano passado, quando Obama
ainda era candidato. Com base
em imagens reais e alteradas
digitalmente, pesquisadores
pediram a mais de cem universitários que apontassem a foto
que melhor representava Obama. Foi solicitado também que
explicassem sua própria orientação política.
Os resultados mostraram
que os estudantes liberais
eram cinco vezes mais propensos a indicar imagens de Obama clareadas digitalmente. Os
conservadores eram duas vezes mais propensos a escolher
imagens escurecidas.
Em uma etapa posterior, os
pesquisadores verificaram em
qual candidato os estudantes
haviam votado. Mais uma vez,
os que apontaram a fotografia
artificialmente mais clara estavam mais inclinados a votar
em Obama. A lógica só é válida
para candidatos que são filhos
de brancos e negros. A mesma
experiência com imagens do
candidato republicano à época
John McCain não mostraram
diferença de percepção.
"Diferenças sutis no tom da
pele de uma pessoa podem afetar decisões como quem contratar para um emprego", diz
Eugene Caruso, professor de
Ciência Comportamental da
Universidade de Chicago e um
dos autores do estudo.
Os próprios pesquisadores
levantaram a hipótese de que a
diferença de percepção fosse
resultado de racismo e preconceito. Eles realizaram testes e
questionários junto aos participantes para isolar o efeito e
viram que mesmo assim o resultado era consistente. Uma
das hipóteses é que culturalmente os americanos estão
mais inclinados a associar luminosidade a algo bom.
"Apesar de, como sociedade,
termos alcançado um progresso real em relação à redução da
discriminação e do racismo,
existem outras formas mais
sutis de preconceito que ainda
podem ter consequências muito significativas" disse Emily
Balcetis, outra autora do estudo, a um jornal de Nova York.
Os pesquisadores afirmam
que já houve tentativas de capitalizar com a manipulação
de imagens nos EUA. Eles citam como exemplo a polêmica
em torno de um anúncio na TV
veiculado na época das prévias
pela campanha da atual secretária de Estado, Hillary Clinton, em que Obama aparecia
em tons mais escuros do que o
real. Eles citam ainda a imagem da capa da revista "Time"
com a foto do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson
escurecida logo depois que ele
foi acusado de assassinato.
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