São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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Paquistão exporta peças nucleares

DO "NEW YORK TIMES"

O Paquistão forneceu tecnologia para centrífugas que permitiu à Líbia, nos últimos dois anos, progressos sensíveis no enriquecimento de urânio para fins militares, revelam assessores do presidente George W. Bush e especialistas ocidentais.
Os informantes sublinham não ter evidências de que o governo paquistanês do ditador Pervez Musharraf, um aliado fundamental dos EUA no combate à rede terrorista Al Qaeda, estava ciente da transferência de tecnologia para a Líbia, que há três décadas ajudou a financiar o programa nuclear do Paquistão.
Alguns dos componentes das centrífugas importados pela Líbia, que a Itália interceptou em outubro, foram feitos na Malásia.
A cronologia da transferência dos projetos de centrífuga pelo Paquistão coloca em dúvida a capacidade do general Musharraf de fazer cumprir o compromisso que assumiu com Bush de impedir que seus cientistas participassem da proliferação nuclear.
O compromisso foi assumido logo após os atentados do 11 de Setembro. Mesmo assim, tudo indica que a colaboração com a Líbia não foi interrompida, o que sugere que cientistas paquistaneses prosseguiram no tráfico, depois de explicitamente alertados para que o interrompessem.
Um dos homens próximos de Bush disse que, anteriormente, outras evidências indicavam que o Paquistão também era fornecedor de equipamentos sensíveis ao Irã e à Coréia do Norte.
A Líbia concordou em 19 de dezembro em desmobilizar seu programa nuclear, abrindo-o a inspeções internacionais, que já começaram. Mas, na última segunda-feira, o presidente Bush disse que não suspenderia as sanções contra a Líbia até que "passos concretos" fossem dados.
Bush deixou aberta a porta para a suspensão das sanções, ao afirmar que "os Estados Unidos tomarão medidas recíprocas e sensíveis se reconhecerem a boa vontade da Líbia".
Os EUA e o Reino Unido se recusam a divulgar oficialmente as fontes líbias de fornecimento de tecnologia de enriquecimento de urânio. Tampouco aceitam revelar a origem de peças que a Líbia obteve por meio de intermediários. Esses envios são frequentemente difíceis de serem rastreados. As peças originárias da Malásia foram interceptadas em Dubai, que é apenas um porto de trânsito para tecnologia permitida ou proibida.


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