São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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TERROR

Maioria das vítimas tinha de 7 a 15 anos e havia saído da uma escola; principal suspeito, Taleban nega autoria

Explosões matam 17 no Afeganistão, a maioria crianças

Noor Khan/Associated Press
Soldado afegão examina o local das explosões em Candahar


DA REDAÇÃO

Pelo menos 17 pessoas, 11 delas crianças, morreram e cerca de 60 ficaram feridas ontem em Candahar depois da explosão de duas bombas. O atentado na cidade do sul do Afeganistão abalou o frágil otimismo surgido após a aprovação da Constituição do país, há a apenas dois dias.
O presidente Hamid Karzai, que fortaleceu sua posição com a nova Carta, condenou o atentado, classificando-o como "um ato de crueldade e barbarismo". Segundo Karzai, o ataque vai fortalecer sua determinação de combater o terrorismo.
De acordo com testemunhas, por volta das 12h45 locais (6h15 em Brasília) a detonação de uma pequena bomba feriu uma criança no bairro de Manzalbath, na região sudeste de Candahar. "Eu estava jogando bola quando ouvi a primeira explosão, e muitos de nós corremos para ver o que havia acontecido. Aí a segunda bomba explodiu", disse Saami Khan, 15, um dos feridos hospitalizados.

Suspeitos presos
A polícia informou que oito crianças, de 7 a 15 anos, morreram no local do ataque. Outras três morreram mais tarde em decorrência dos ferimentos. Elas tinham acabado de sair da escola. Dois suspeitos foram presos após as explosões.
O alvo das bombas poderia ser uma base militar afegã, distante apenas 100 m do local do atentado, segundo Salim Khan, chefe de polícia local. Mas para o vice-ministro do Interior, Hilalludin Hillal, o mais provável é que elas se destinassem a tropas americanas, que patrulham a rua regularmente, ou ao governador de Candahar, Yusuf Pashtun, cujo carro deveria passar pela via logo depois.
As suspeitas sobre a autoria do atentado caem sobre o movimento islâmico extremista Taleban, que governou o país até 2001, quando foi derrubado pelas forças da coalizão liderada pelos EUA por abrigar a Al Qaeda e seu líder, o saudita Osama bin Laden. Pashtun, em entrevista a uma TV, acusou diretamente o Taleban: "Eles são terroristas. Eles vêm do Paquistão e matam inocentes".
Um porta-voz do grupo, no entanto, negou a participação no atentado de ontem: "O Taleban não age contra civis. Condenamos esse ataque em que civis foram mortos e feridos".

Segurança precária
Os Estados Unidos consideram Candahar, tradicional reduto do Taleban, como parte crucial do plano de estabilizar o país e garantir o sucesso das eleições presidenciais marcadas para o meio do ano. Para tanto, estão enviando à região centenas de soldados e trabalhadores para obras de reconstrução.
A segurança, porém, está bastante precária. A cidade foi alvo de numerosos ataques nos últimos dois meses. Anteontem, o escritório da ONU em Candahar foi novamente alvo de investida com granada e tiros.
Os EUA estão treinando o novo Exército do Afeganistão, mas apenas cerca de 7.000 soldados foram arregimentados até agora -10% do total planejado. Os cerca de 12 mil soldados americanos que servem no país dependem bastante das milícias locais para enfrentar as guerrilhas do Taleban e da Al Qaeda no sul e no leste. Desde agosto, ataques nessas áreas mataram mais de 400.

Com agências internacionais


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