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Premiê diz que execução de Saddam une o Iraque
DA REDAÇÃO
O premiê iraquiano, Nuri al
Maliki, disse ontem que a execução de Saddam Hussein é
"assunto interno" e advertiu
países que criticaram o enforcamento que Bagdá poderia rever as relações bilaterais.
Maliki, que é xiita, disse em
discurso comemorativo ao Dia
do Exército que Saddam teve
um julgamento justo e que sua
execução, no último dia 30, favorece a unidade do Iraque.
Um vídeo que mostra funcionários xiitas do governo provocando Saddam no cadafalso irritou a população sunita, aumentando as tensões sectárias.
Maliki, que ordenou a execução de Saddam quatro dias depois de o prisioneiro perder sua
última apelação, não mencionou nenhum país. O Brasil foi
um dos países que criticaram a
execução do ditador.
As observações de Maliki, porém, ocorrem quatro dias após
o presidente egípcio, Hosni
Mubarak, ter se juntado a outros dirigentes sunitas que classificaram as imagens do enforcamento de Saddam como "revoltantes e bárbaras".
"A execução do ditador é um
assunto interno. Diz respeito
apenas ao povo iraquiano e nós
rejeitamos e condenamos todas as declarações, oficiais ou
não, feitas por alguns governos...", disse o premiê. "O governo iraquiano pode ser levado a rever suas relações com
qualquer país que não respeite
o desejo do povo iraquiano."
Maliki também negou que o
julgamento tenha tido caráter
político. "A execução do tirano
não foi uma decisão política,
como os inimigos do povo iraquiano tentam pintá-la. Tal decisão foi tomada após um julgamento longo e justo que o tirano não merecia", disse.
O enforcamento incendiou
as paixões sectárias no Iraque
-milhares de árabes sunitas
protestaram- e no mundo islâmico, dividido entre os sunitas,
predominantes na maioria dos
países árabes, e xiitas, que são
maioria no Iraque e no Irã, país
muçulmano, mas não árabe.
Maliki, que aparece num vídeo oficial do governo assinando a ordem de execução com
tinta vermelha, também reservou palavras ásperas para os
grupos de direitos humanos
que criticaram a execução.
"Será que eu devo perguntar
à comunidade internacional e
aos grupos de direitos humanos onde estavam quando foram cometidos os massacres de
Anfal e Halabja e as execuções
em massa?", disse Al Maliki referindo-se aos crimes contra a
humanidade de que Saddam
Hussein é acusado.
Segurança
Assessores de Maliki anunciaram que forças iraquianas,
com o apoio dos EUA, preparam uma ofensiva em Bagdá
contra milícias que promovem
a violência sectária, num provável primeiro passo da nova
estratégia que o presidente
Bush anunciará nesta semana.
Com agências internacionais
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