São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007

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Premiê diz que execução de Saddam une o Iraque

DA REDAÇÃO

O premiê iraquiano, Nuri al Maliki, disse ontem que a execução de Saddam Hussein é "assunto interno" e advertiu países que criticaram o enforcamento que Bagdá poderia rever as relações bilaterais.
Maliki, que é xiita, disse em discurso comemorativo ao Dia do Exército que Saddam teve um julgamento justo e que sua execução, no último dia 30, favorece a unidade do Iraque. Um vídeo que mostra funcionários xiitas do governo provocando Saddam no cadafalso irritou a população sunita, aumentando as tensões sectárias.
Maliki, que ordenou a execução de Saddam quatro dias depois de o prisioneiro perder sua última apelação, não mencionou nenhum país. O Brasil foi um dos países que criticaram a execução do ditador.
As observações de Maliki, porém, ocorrem quatro dias após o presidente egípcio, Hosni Mubarak, ter se juntado a outros dirigentes sunitas que classificaram as imagens do enforcamento de Saddam como "revoltantes e bárbaras".
"A execução do ditador é um assunto interno. Diz respeito apenas ao povo iraquiano e nós rejeitamos e condenamos todas as declarações, oficiais ou não, feitas por alguns governos...", disse o premiê. "O governo iraquiano pode ser levado a rever suas relações com qualquer país que não respeite o desejo do povo iraquiano."
Maliki também negou que o julgamento tenha tido caráter político. "A execução do tirano não foi uma decisão política, como os inimigos do povo iraquiano tentam pintá-la. Tal decisão foi tomada após um julgamento longo e justo que o tirano não merecia", disse.
O enforcamento incendiou as paixões sectárias no Iraque -milhares de árabes sunitas protestaram- e no mundo islâmico, dividido entre os sunitas, predominantes na maioria dos países árabes, e xiitas, que são maioria no Iraque e no Irã, país muçulmano, mas não árabe.
Maliki, que aparece num vídeo oficial do governo assinando a ordem de execução com tinta vermelha, também reservou palavras ásperas para os grupos de direitos humanos que criticaram a execução.
"Será que eu devo perguntar à comunidade internacional e aos grupos de direitos humanos onde estavam quando foram cometidos os massacres de Anfal e Halabja e as execuções em massa?", disse Al Maliki referindo-se aos crimes contra a humanidade de que Saddam Hussein é acusado.

Segurança
Assessores de Maliki anunciaram que forças iraquianas, com o apoio dos EUA, preparam uma ofensiva em Bagdá contra milícias que promovem a violência sectária, num provável primeiro passo da nova estratégia que o presidente Bush anunciará nesta semana.


Com agências internacionais


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