São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Senado dos EUA barra posse de indicado para vaga de Obama

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O Senado dos Estados Unidos barrou ontem o advogado Roland Burris, indicado pelo governador de Illinois para substituir Barack Obama no Senado, em sua tentativa de participar da posse do novo Congresso, forçando-o a deixar o local sob escolta policial.
Burris, 71, desafiou a opinião pública, senadores democratas e mesmo o presidente eleito ao aceitar no final de dezembro a indicação do governador Rod Blagojevich, acusado por atos de corrupção que incluem tentar leiloar o assento de Obama no Senado. O presidente eleito tinha mandato até 2010.
O espetáculo da chegada de Burris tirou por alguns momentos o foco da mídia das cerimônias oficiais, mas o indicado não deu sinais de que desistirá. "Membros da imprensa, meu nome é Roland Burris, o novo senador do Estado de Illinois", afirmou na saída aos repórteres que se amontoavam a seu redor. "Vou consultar meus advogados para estudar os próximos passos."
Tanto ao entrar quanto ao sair do Capitólio, Burris precisou ser acompanhado por policiais para abrir caminho entre a multidão de curiosos e jornalistas que o aguardava. Ele insiste que é o senador -pela legislação de Illinois, cabe ao governador apontar o substituto de Obama, e Blagojevich continua no cargo apesar da investigação federal sobre corrupção.
A secretaria do Senado impediu sua posse alegando a falta da assinatura do secretário de Estado de Illinois nos documentos de indicação. Contornar a regra não será simples: o secretário de Estado de Illinois, Jesse White, se recusa a dar sua assinatura, alegando que Blagojevich não pode nomear alguém enquanto é suspeito de tentar vender o mesmo assento, acusação pela qual chegou a ser detido em dezembro.
Segundo os advogados de Burris, ele se reunirá com lideranças do Senado e poderá ir aos tribunais se negociações não forem bem-sucedidas. O resultado de uma ação legal é incerto.
Blagojevich divulgou nota em Chicago afirmando que seu indicado é "um homem bom e decente com longa história de serviço público (...) e qualquer alegação contra mim não deveria ser usada contra ele".

Disputa paralela
Burris não foi o único a não participar do juramento do novo Senado ontem. O democrata Al Franken, declarado vencedor da disputa em Minnesota, não pôde ter a vitória validada devido a contestação judicial de seu rival republicano, Norm Coleman. Após recontagem, Franken ficou na frente de Coleman por apenas 225 votos, mas republicanos dizem que algumas cédulas foram registradas duas vezes.
Se Franken for confirmado, o Senado americano terá 59 senadores democratas e 41 republicanos. A base de Obama terá assim uma cadeira a menos do que os três quintos que constituem a maioria qualificada na Casa. Na Câmara dos Representantes, os democratas também contam com sólida maioria: 257 a 178 republicanos.
A expansão da maioria conquistada em 2006, porém, não sinaliza um desvio à esquerda. Analistas afirmam que o grupo forma uma coalizão moderada e mais conservadora em questões sociais, especialmente na Câmara.
Gary Jacobson, especialista em Congresso, afirmou ontem ao "New York Times" que o efeito cumulativo das eleições de 2006 e 2008 "é levar o grupo democrata um pouco mais para a direita". É que vários congressistas foram eleitos por margens muito pequenas e terão de ser muito atentos às particularidades de seu eleitorado. "Não vamos ver políticas loucamente esquerdistas", afirmou Jacobson ao jornal.


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