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Senado dos EUA barra posse de indicado para vaga de Obama
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O Senado dos Estados Unidos barrou ontem o advogado
Roland Burris, indicado pelo
governador de Illinois para
substituir Barack Obama no
Senado, em sua tentativa de
participar da posse do novo
Congresso, forçando-o a deixar
o local sob escolta policial.
Burris, 71, desafiou a opinião
pública, senadores democratas
e mesmo o presidente eleito ao
aceitar no final de dezembro a
indicação do governador Rod
Blagojevich, acusado por atos
de corrupção que incluem tentar leiloar o assento de Obama
no Senado. O presidente eleito
tinha mandato até 2010.
O espetáculo da chegada de
Burris tirou por alguns momentos o foco da mídia das cerimônias oficiais, mas o indicado não deu sinais de que desistirá. "Membros da imprensa,
meu nome é Roland Burris, o
novo senador do Estado de Illinois", afirmou na saída aos repórteres que se amontoavam a
seu redor. "Vou consultar meus
advogados para estudar os próximos passos."
Tanto ao entrar quanto ao
sair do Capitólio, Burris precisou ser acompanhado por policiais para abrir caminho entre a
multidão de curiosos e jornalistas que o aguardava. Ele insiste
que é o senador -pela legislação de Illinois, cabe ao governador apontar o substituto de
Obama, e Blagojevich continua
no cargo apesar da investigação
federal sobre corrupção.
A secretaria do Senado impediu sua posse alegando a falta
da assinatura do secretário de
Estado de Illinois nos documentos de indicação. Contornar a regra não será simples: o
secretário de Estado de Illinois,
Jesse White, se recusa a dar sua
assinatura, alegando que Blagojevich não pode nomear alguém enquanto é suspeito de
tentar vender o mesmo assento, acusação pela qual chegou a
ser detido em dezembro.
Segundo os advogados de
Burris, ele se reunirá com lideranças do Senado e poderá ir
aos tribunais se negociações
não forem bem-sucedidas. O
resultado de uma ação legal é
incerto.
Blagojevich divulgou nota
em Chicago afirmando que seu
indicado é "um homem bom e
decente com longa história de
serviço público (...) e qualquer
alegação contra mim não deveria ser usada contra ele".
Disputa paralela
Burris não foi o único a não
participar do juramento do novo Senado ontem. O democrata
Al Franken, declarado vencedor da disputa em Minnesota,
não pôde ter a vitória validada
devido a contestação judicial de
seu rival republicano, Norm
Coleman. Após recontagem,
Franken ficou na frente de Coleman por apenas 225 votos,
mas republicanos dizem que algumas cédulas foram registradas duas vezes.
Se Franken for confirmado, o
Senado americano terá 59 senadores democratas e 41 republicanos. A base de Obama terá
assim uma cadeira a menos do
que os três quintos que constituem a maioria qualificada na
Casa. Na Câmara dos Representantes, os democratas também contam com sólida maioria: 257 a 178 republicanos.
A expansão da maioria conquistada em 2006, porém, não
sinaliza um desvio à esquerda.
Analistas afirmam que o grupo
forma uma coalizão moderada
e mais conservadora em questões sociais, especialmente na
Câmara.
Gary Jacobson, especialista
em Congresso, afirmou ontem
ao "New York Times" que o
efeito cumulativo das eleições
de 2006 e 2008 "é levar o grupo
democrata um pouco mais para
a direita". É que vários congressistas foram eleitos por margens muito pequenas e terão de
ser muito atentos às particularidades de seu eleitorado. "Não
vamos ver políticas loucamente esquerdistas", afirmou Jacobson ao jornal.
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